
A Comunicação Suplementar Alternativa (CSA) é uma das principais ferramentas de tecnologia assistiva no desenvolvimento das habilidades de comunicação de pessoas que apresentam comprometimento na fala ou na escrita funcional.
A CSA compreende tudo o que viabiliza e estimula a comunicação, seja por meio de gestos, expressões faciais, sons; ou com o auxílio de materiais, como as chamadas pranchas de comunicação, que utilizam cartões impressos com números, figuras e símbolos como estímulo à aprendizagem e para que o usuário possa se expressar e compreender de forma mais fácil.
As pranchas podem ser criadas à mão ou impressas no computador. Existem também os softwares para tablets, que apresentam pranchas já pré-definidas e que podem ser editadas e personalizadas de acordo com as necessidades de cada usuário.
Exatamente por essa facilidade, que esse recurso de tecnologia assistiva é um dos mais utilizados e acessíveis, uma vez que permite o seu uso tanto por profissionais da área (Terapeutas Ocupacionais, fonoaudiólogos, psicólogos e educadores), quanto pelos familiares.
Reforço familiar
“As pranchas de comunicação são uma forma excelente para ajudar a compreensão e a expressão da criança”, diz Andrea Higa, mamãe da Júlia, 10 anos, portadora de Síndrome de Down, que tem acompanhamento de fonoaudióloga, Terapeuta Ocupacional e psicopedagoga: “As terapias são fundamentais no desenvolvimento de uma criança especial, pois ela vai evoluindo aos poucos e nesse passinho curto vai mostrando seu potencial. Os resultados são percebidos com o tempo, pouco a pouco. Cada criança tem um cronômetro e nunca devemos compará-los, só estimular o aprendizado”.

Para ajudar ainda mais no desenvolvimento da pequena e para que ela consiga acompanhar a escola regular, Andrea faz a sua parte em casa aos finais de semana: busca materiais lúdicos na internet e em grupos de WhatsApp. “Seleciono atividades coloridas de tamanhos grandes e de fácil entendimento. Após adaptar no caderno, preparo as gravuras, corto e deixo tudo bonitinho para incentivá-la, pois muitas vezes ela se recusa a fazer os exercícios. É preciso, então, de jeito e paciência para convencer. Geralmente eu a filmo fazendo as atividades e posto nas redes sociais para acompanhar o desenvolvimento dela e também para ajudar outras mães a se animarem e também fazerem para seu filho (a). Essas atividades ajudam muito no processo de alfabetização”, explica. De acordo com ela, mesmo com o tema ‘inclusão social de crianças com deficiências’ em voga na mídia, a realidade, mesmo em colégios particulares, é bem distante: “A responsabilidade da escola em alfabetizar uma criança, independente dela ser especial ou não, não acontece e a inclusão, que tanto se fala hoje, é ainda utopia na maioria dos colégios. Por isso, nós, pais, precisamos buscar por fora os profissionais de diversas áreas e ainda fazer reforço em casa”, desabafa.
Facilidades da tecnologia
Para quem não quer criar suas próprias pranchas e não se anima em trabalhos manuais, como a Andrea faz, há a opção das pranchas prontas e editáveis, utilizadas em tablets. Por meio de softwares como o PCS (Picture Communication Symbols, na tradução: Símbolos de Comunicação Pictórica – sistema de símbolos mais utilizado no mundo) e Symbolstixs, as pranchas podem ser personalizadas de acordo com as necessidades do usuário, juntamente com o programa desenvolvido pelo Terapeuta Ocupacional e fonoaudiólogo.
Independente de qual tipo de prancha de comunicação a ser utilizada, diversas pesquisas com diferentes tipos de deficiências comprovam a eficiência do recurso. Além da melhora na comunicação e liberdade de expressão, conclui-se que as pranchas de comunicação também apresentam resultados positivos quanto à iniciativa e resposta nas interações com outras pessoas.