
Todos os anos, 2 milhões de pessoas em todo o mundo são diagnosticadas com alguma doença que prejudica a comunicação. No entanto, somente 2% têm acesso à tecnologia assistiva. Estes são alguns dados compartilhados pela Tobii Dynavox em “O poder de uma voz, um documentário sobre a Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA)”, produzido pela própria empresa, que é uma das maiores do mundo em CAA e parceira da Civiam.
“Eu gostaria que ‘ser capaz de se comunicar e poder de ter uma voz’ se tornasse um direito humano a todos, porque a Tecnologia Assistiva (TA) existe para isso, mas só consegue alcançar uma mínima parcela de pessoas que realmente precisam dela”, diz Markus Cederlund, Diretor de Produtos da Tobii Dynavox.
Por isso, a importância da disseminação da Comunicação Aumentativa e Alternativa, uma área da Tecnologia Assistiva que se destina especificamente à ampliação de habilidades de comunicação. Como forma de contribuir não só com a divulgação da CAA, mas com todas as pessoas que atuam com a TA, compartilhamos estratégias sugeridas por Stephanie Ekis, Gerente de Conteúdo da Tobii Dynavox, para melhorar o uso da CAA – tanto com recursos de baixa tecnologia, quanto de alta, apresentadas em um webinário ministrado pela especialista. Afinal é importante que os recursos de CAA sejam utilizados de forma assertiva para que pessoas com NCC (necessidades complexas de comunicação) realmente tenham resultados positivos e consigam se comunicar: “É comum as pessoas pensarem que existem terapias diferenciadas, como terapia da linguagem, fonoaudiologia e terapia da CAA, separadamente. Mas é preciso que se pense em uma estratégica única quando se pensa em Comunicação Aumentativa e Alternativa, considerando-a uma ferramenta a ser usada o dia inteiro, ou seja, também durante todas as demais terapias e não apenas durante o uso de um dispositivo de CAA, por exemplo”. Confira as sugestões de Stephanie:
- Identifique e liste oportunidades do dia a dia para introduzir a aprendizagem e oferecer repetições com variações em diferentes ambientes, listando também o ‘como’ (estratégia) e quando serão ensinadas tais habilidades. Lembrando também que é importante criar um ambiente positivo de comunicação, que estimula interação ao presumir competência, foque no uso e não em testes, responde a todas as formas de comunicação, proporciona tempo adequado, presta suporte quando necessário, aborda desafios e foca em resultados.
- Lembrando que é preciso dar o tempo adequado para as pessoas com NCC conseguirem entender e aprender as habilidades que estão sendo trabalhadas.
- Escreva os objetivos apropriados e os resultados esperados para se certificar de que as metas estão de acordo com o nível de comunicação de cada criança, pois, caso contrário, poderá levar a um progresso limitado como consequência de expectativas irreais, além de metas muito difíceis que podem ser frustrantes para a criança.
- Como reconhecer sucesso nos resultados? Observe:
- Mais atenção na interação
- A pessoa inicia a comunicação
- Uso de mais vocabulário
- Interações mais longas
- A interação pede o uso de mais ferramentas ou páginas
- Mais alegria nas interações
- Mais independência na comunicação
- Modele o uso apropriado da CAA, pois demonstrar é comprovadamente a melhor maneira de ensinar crianças a se comunicarem usando a CAA de formas relevantes e significativas. (Confira a matéria que fizemos sobre modelagem aqui).
- Inclua leitura compartilhada e atividades de escrita, pois possibilita oportunidades para expansão de conceito e linguagem (que não seriam possíveis se as instruções acontecessem apenas com seleções que os alunos pudessem ler de maneira independente). Além disso, mostra sobre textos impressos, padrões de linguagem e estimula a habilidade de reconhecimento de palavras (Ferreiro & Teberosky, 1982).
O ideal é que a leitura seja feita juntamente com o parceiro de comunicação, maximizando as interações em cada página do livro, conforme avançam a leitura.
Proporcione o acesso às letras, como teclados, selos, adesivos a experiências de escrita.
- Use materiais do cotidiano (cartões, brinquedos como carrinhos, itens de pintar, desenhar, etc) para prestar suporte à aprendizagem – qualquer coisa pode ser uma atividade terapêutica, desde que você tenha identificado maneiras de incluir o sistema de CAA utilizado pela criança. Um exemplo é tirar algo da prateleira para iniciar uma atividade. Mas, antes de iniciá-la, certifique-se no sistema de CAA onde está localizado o vocabulário correspondente ao item.
Confira o webinário completo, ministrado por Stephanie Ekis: