Pesquisar

Dia Internacional do Cão-Guia

Conheça Mellina e sua cadela-guia Hilary: juntas, viajaram para mais de 60 cidades brasileiras e 4 países

Foto em close de Mellina com sua cadela Hilary em uma praia com barcos ao fundo. Mellina é loira de olhos claros e Hilary é uma labradora preta. Ambas estão sorrindo.

Hoje é considerado o Dia Internacional do Cão-Guia, celebrado anualmente na última quarta-feira do mês de abril. A data foi criada com o objetivo de homenagear os cães-guia e os seus treinadores pelo importante papel que exercem na vida das pessoas com deficiência visual.

E ninguém melhor do que Mellina Reis, turismóloga, pós-Graduada em Gestão Estratégica de Pessoas, influencer digital e autora do blog “4 Patas pelo Mundo”, para falar sobre a questão: formou uma dupla e tanto com Hilary, uma labradora preta que chegou em sua vida em 2014 para, juntas, desbravarem o mundo da forma que mais amam: viajando! “A Hilary veio para ser meus olhos e me mostrar um outro jeito de ver o mundo. Ressalto que os cães-guias representam para gente autonomia, independência, autoestima, segurança, confiança, amor. Eles ajudam na socialização, pois aproximam as pessoas de nós, enfim… eles nos transformam! E a Hilary me fez perceber que sou muito mais do que eu imaginava e eu sempre me emociono ao falar dela”, diz Mel, como é conhecida.

A influencer tem uma degeneração na retina chamada distrofia de cones e bastonetes, diagnosticada aos 14 anos, que a fez, com o tempo, perder a visão central responsável pelo foco, mantendo um pouco da visão periférica. Em 2011 a saúde visual de Mel piorou ainda mais devido ao surgimento da catarata (que vem progredindo desde então) e hoje, aos 39 anos, tem 3% da visão.

Foto de Mel com seu marido e Hilary ao meio. Todos sorrindo. Mel tem cabelos claros compridos, está usando óculos escuros e uma blusa de alcinha rosa. Hilary é uma labradora preta e o marido da Mel é moreno e veste uma camiseta azul.

A Hilary foi doada a ela por conta de um projeto do Serviço Social da Indústria (Sesi), em parceria com o Instituto Iris Cão-Guia, que entregava cães-guias a funcionários com deficiência visual da indústria, área em que Mel tinha acabado de ingressar e, por isso, foi contemplada com a labradora. E, apesar da alegria das pessoas com deficiência visual receberem um cão-guia, engana-se quem pensa que a chegada deles é algo simples. “A nossa vida muda totalmente, porque é bem diferente de um animal de estimação. O cão-guia fica com a gente o tempo todo e nós precisamos ter um cuidado a mais, nos preocupar mais com a higiene, com os horários de alimentação, com horários das necessidades na rua. Eles precisam entender que você é o dono, que eles precisam te obedecer, no caso de quem usa bengala, como eu usava, a mudança é total, pois a bengala rastreia o ambiente, encontra as coisas e daí desviamos. Mas, no caso do cão-guia, ele vai desviando das coisas, mas a pessoa cega não faz ideia do que seja, do que cão está encontrando. Então no início também sentimos insegurança, além de questões comportamentais: a Hilary chegou adulta, com quase 3 anos de idade. No início ela me testava e, apesar de me obedecer, às vezes queria teimar; às vezes eu a levava para fazer xixi na rua e ela não fazia, o que me deixava super preocupada e eu tinha que levá-la mais vezes”, relembra Mel, que complementa: “Nessa época eu namorava com o meu atual marido, e, por conta de toda a rotina com ela, eu tive dificuldades para conciliar o namoro com os horários dela, por isso, estava sempre cansada. Depois que a gente casou, ela começou a ter mais ciúmes, porque antes eu era só dela e somente aos finais de semana é que ela ‘me dividia’ com ele. Mas hoje é bem tranquilo, ela também tem muito carinho pelo meu marido”, conta Mellina.

O início da dupla viajante

“Minha família sempre viajou bastante, então sempre gostei muito de viajar. Mas, depois que minha visão foi piorando, em meados de 2011, eu não não viajava mais sozinha, sempre tinha que estar acompanhada de amigos, namorado, ou família. Com a chegada da Hilary, comecei a ter coragem de novo para viajar sozinha e, em 2015, fizemos a nossa primeira viagem juntas para Curitiba! E, desde então, passamos a viajar bastante sozinhas. Com ela eu me sinto mais segura, claro que toda vez que vamos para um lugar novo sempre vem um medinho de como vai ser – mas  longe do receio que eu tinha com a bengala, antes da chegada da Hilary. Pego a guia, os comandos, a localização básica, checo o caminho e vamos”, conta Mel, que cita os cuidados necessários ao viajar, como carregar sempre a bateria do celular, bem como levar carregadores portáteis; saber antes como é a contratação de serviços na cidade, como passeios; utilizar o Google Maps para se localizar, além de checar se o local tem o mínimo de acessibilidade – fator esse que a levou a escolher como primeiro destino da dupla a capital do Paraná. 

E dessa forma, para registrar as experiências de ambas, Mel criou, em 2016, o blog 4 Patas pelo Mundo, com o objetivo de produzir conteúdo sobre acessibilidade e inclusão no setor do turismo para incentivar as pessoas a não desistirem de fazer o que amam por conta da deficiência e, principalmente, mostrar que é possível levar a vida de forma divertida. A influencer mantém também o canal no Instagram @4pataspelomundooficial e também no YouTube, de mesmo nome. Juntas, elas já visitaram quatro países e mais de sessenta cidades brasileiras. 

Foto de Mel e Hilary em frente a um letreiro: Montevideo, ao fundo uma bahia rodeada de prédios. Meu tem cabelos compridos claros e esta vestindo uma calça jeans e camiseta de manga comprida branca e está segurando a guia da cachorra Hilary que é uma labradora preta.

A turismóloga conta que, atualmente, a Hilary, por conta da idade (hoje com 11 anos) está semi-aposentada: “Acredito que um cão-guia nunca se aposenta de fato, pois sempre que nós precisarmos, eles vão guiar, vão desviar dos obstáculos e sinalizar alguma coisa. Agora, ela está como animal de estimação, mas nota-se que ela sente falta de guiar. É um processo emocional que não é fácil, nem para ela, nem para mim”, explica a influencer ao citar que o procedimento seria adotar um novo cão-guia, mas que ainda aguardará as adaptações da nova fase de aposentada de Hilary, cuidando do estado emocional de ambas.

Quanto ao Dia Internacional do Cão-Guia, Mellina ressalta a importância da compreensão da sociedade sobre o papel desses animais: “É fundamental que as pessoas entendam a diferença entre um cão-guia de um cachorro como animal de estimação e, principalmente, a importância deles nas nossas vidas. Mesmo com a existência da Lei 11.126/2005, que dispõe sobre o direito de pessoas com deficiência visual ingressarem e permanecerem em ambientes de uso coletivo acompanhado de cão-guia, sejam de ordem pública ou privada, ainda passamos por muitos desgastes quando, por exemplo, vamos solicitar um transporte por aplicativo e o motorista não aceita o cão-guia, assim como nos hotéis, restaurantes, lojas, shoppings. Não é fácil viver com a deficiência visual e o cão-guia é essencial por facilitar as coisas para a gente. Seria muito mais fácil se todo mundo tivesse compreensão e mais empatia para que a dificuldade da deficiência fosse minimizada com o respeito por nós – pessoas com deficiência visual e nossos cães-guias”.

Confira:

https://www.4pataspelomundo.com/

https://www.instagram.com/4pataspelomundooficial/

https://www.youtube.com/@4PataspeloMundo/about

Programa Cão-Guia, do Instituto Adimax, doa cães de assistência 

O Instituto Adimax é uma entidade de assistência social que abriga o Programa Cão-Guia (fundado em 2015), cuja finalidade é promover a inclusão social, a convivência familiar, comunitária e a cidadania às pessoas com deficiência visual. Com uma estrutura física de 15 mil m², inaugurada em 2018, o Instituto está localizado em Salto de Pirapora (SP), sendo hoje o maior da América Latina destinado à doação de cães de assistência. 

Dessa forma, o Programa Cão-Guia atua na formação do cão e no processo de adaptação ao seu futuro tutor – a organização possui um hotel, onde as pessoas selecionadas ficam hospedadas para aprender sobre a convivência com o seu futuro cão-guia e os cuidados que deverão ter com o animal. 

Além do treinamento e entrega dos cães, o Instituto Adimax também promove atividades como palestras informativas e educativas, vivências, dinâmicas de grupos e ações de divulgação para conscientizar a sociedade para a importância do cão-guia na vida das pessoas com deficiência visual. 

Atualmente, além da sede em Salto de Pirapora, a entidade possui mais duas bases, sendo uma no Rio de Janeiro e outra em Santa Catarina, abrangendo as regiões de Criciúma e Itajaí.

Hoje, são aproximadamente 7 milhões de pessoas com deficiência visual, para cerca de 200 cães-guias em atividade, sendo que 69 foram entregues pelo Programa Cão-Guia ao longo desses anos de existência. A expectativa é que em 2023 mais 30 cães sejam doados. Os interessados em receber um cão-guia do Instituto devem preencher um formulário pelo link https://institutoadimax.org.br/programas/cao-guia/como-ter-um-cao-guia, onde consta o regulamento.

Fonte: Assessoria de Imprensa Instituto Adimax
https://institutoadimax.org.br/

Redação Civiam

Entrevistas, histórias reais e conteúdo sobre diversos aspectos ligados às Tecnologias Assistivas e à educação na saúde.

Artigos recentes