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Dia das Crianças: o direito à diversão a todas as crianças!

Foto de Ana Luiza jogando junto com seu pai, um jogo controlado pelo olhar da Magic Eye

Celebrado no dia 12/10, o Dia das Crianças nos relembra que o direito à diversão está previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Apesar disso, muitas crianças atípicas, por conta das condições impostas pela deficiência, como mobilidade reduzida ou prejuízos na fala, acabam tendo a área da diversão limitada, muitas vezes, por falta de opções de jogos acessíveis de qualidade.

Pensando nisso, a Magic Eyes, uma desenvolvedora independente de jogos inclusivos, que tem como slogan “PlayWithEyes” (“jogue com os olhos”), tem garantido a diversão das crianças com deficiência que utilizam o controle ocular. É o caso de Ana Luiza Frameschi (@anaframeschi), 11 anos, que tem AME (Amiotrofia Medular Espinhal) e mostra os jogos da Magic Eyes em seu Instagram, neste vídeo:

https://www.instagram.com/p/C_OgqrkP-6M/ 

Ela é também uma das crianças consultadas pelos desenvolvedores da empresa para testar os jogos antes de serem lançados: “Os games precisam fazer sentido para eles, senão não adianta disponibilizar um jogo acessível, mas que não atenda o principal: a diversão dessas crianças”, salienta Rodrigo Alves, à frente da Magic Eyes. 

“Ela adora ser chamada para testar as versões que serão lançadas por eles e sempre comunica o que gostou e o que poderia melhorar – e todos os seus pedidos são atendidos prontamente, como se fossem feitos sob medida para ela! Brincamos também que a Ana Luiza é gamer, de tanto que ela adora tecnologia, como o nível tecnológico dos jogos da Magic Eyes”, diverte-se Ana Paula Frameschi, mãe da jovem.

Ela salienta ainda que um dos principais diferenciais da Magic Eyes está no nível de dificuldade que cada jogo oferece: “A Ana Luiza já havia testado jogos acessíveis, como os gratuitos que vêm no software do controle ocular, mas eram básicos demais e ela não se sentia motivada. Já os jogos da Magic Eyes, por serem desafiadores, a motivam a passar das fases e a experienciar novos jogos, algo que nos surpreendeu bastante, porque ela tinha dificuldades com o novo e também não conseguia utilizar o controle ocular por muito tempo”, destaca Ana Paula.

Além disso, ela cita os demais benefícios proporcionados pelos games à jovem: “Ela passou a ter mais foco, concentração, motivação, autonomia ao escolher qual jogo quer jogar e o principal: a diversão e o brincar, que antes ela não tinha”, ressalta a mãe de Ana Luiza, que complementa: “Há ainda a possibilidade de outra pessoa jogar junto, então muitas vezes o pai dela joga com o controle remoto e ela com o controle ocular e todos se divertem! Outro ponto que observamos é que ela não era muito receptiva a crianças, mas, por conta do vídeogame, aceitou jogar com a filha da professora e adorou, motivando-a mais à socialização”.

A Magic Eyes oferece três jogos gratuitos para quem quiser testá-los e tem a previsão de lançar, ainda este mês, um pacote com 20 jogos, incluindo jogos cooperativos (onde o usuário de controle ocular poderá jogar com outras pessoas com o uso do controle remoto) a um valor promocional. Acompanhe: www.magiceyes.com.br ou no Instagram: @magiceyesbrasil.

Jogos: a porta de entrada à CAA

Quando tinha 1 ano de vida, Ana Luiza foi diagnosticada com AME tipo 1, uma doença rara, degenerativa e genética, que afeta os neurônios motores do cérebro e da medula espinhal, causando a perda de força e volume muscular. Ana Paula passou a integrar grupos de mães com filhos com AME e conheceu diversas crianças que utilizavam o controle ocular para se comunicar e estudar. Buscou conhecimento sobre o recurso de tecnologia assistiva em um congresso voltado às famílias de pessoas com AME e, então, quando Ana Luiza tinha em torno de 5 anos, conseguiu adquirir o controle ocular da Tobii Dynavox por meio de liminar judicial. 

No entanto, apesar do recurso adquirido, Ana Paula enfrentou adversidades em relação à alfabetização de Ana Luiza com o recurso e com a Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA), como desinformação sobre o controle ocular e a falta de interesse em aprender sobre a CAA por parte dos educadores. Além disso, sentiu na pele a resistência até mesmo na esfera pública, quando buscou apoio da Secretaria de Educação de sua cidade para que Ana Luiza pudesse usar o controle ocular no processo de aprendizagem, como diversas crianças de outras cidades usavam, mas não obteve sucesso.

Mas, quando a pequena tinha 7 anos, uma luz no fim do túnel brilhou para a família, mudando toda a sua jornada em relação ao desenvolvimento de Ana Luiza: a psicopedagoga Andressa Fabia Ferreira Corte (@andressa_fcorte/), que era professora temporária da escola da rede municipal onde a jovem estava matriculada, ao ter conhecimento sobre o seu caso e conhecer o controle ocular que ela utilizava, encantou-se com as possibilidades da tecnologia assistiva. “Na época que conheci a Ana Luiza, ela utilizava o controle ocular apenas para jogar e eu sentia falta de uma devolutiva dela, uma resposta correta ou errada em alguma atividade proposta. Em 2022, eu conheci a CAA por meio de uma fonoaudióloga e foi um divisor de águas, porque era a ferramenta que eu buscava para a Ana Luiza poder se comunicar. Eu me apaixonei pelo tema e fui buscar cursos de capacitação para entender a fundo a tecnologia assistiva e os recursos de comunicação alternativa. Como eu já atendia a Ana Luiza há dois anos, disse à Ana Paula que me sentia segura em implementar a CAA e assim começamos. Saber as infinitas possibilidades que a CAA traria à Ana Luiza em sua vida, era um sonho que estava se tornando realidade”, emociona-se Andressa.

Foto de Andressa segurando um tablet para trabalhar com o rastreador ocular com a Ana Luiza.

Após o término do seu contrato temporário na escola, a psicopedagoga foi contratada pela família para continuar o processo de aprendizagem de Ana Luiza. Andressa ressalta que, com o uso do controle ocular na implementação da CAA, houve uma grande evolução no desenvolvimento cognitivo: “Tornou-se possível avaliá-la com mais assertividade os avanços e suas dificuldades no âmbito pedagógico. No seu desenvolvimento emocional, ela aprendeu a diferenciar as emoções e com o uso da CAA, ela hoje consegue se comunicar. Continuamos no processo, modelando e expandindo o seu vocabulário e ela tem nos surpreendido diariamente com sua evolução”, destaca.

Ela enfatiza ainda o uso do controle ocular juntamente com os jogos acessíveis como estratégia de motivação e estímulo: “Muitas vezes, manter as crianças focadas no uso com eficiência do controle ocular se torna algo desafiador, uma vez que não há estímulos suficientes para motivá-las. Mas, com os jogos como os da MagicEyes como recurso estratégico, conseguimos gerar o interesse através da diversão, aumentando, assim, o foco nas atividades propostas e, consequentemente, trabalhar habilidades cognitivas e sociais de forma mais dinâmica torna o processo de aprendizagem mais prazeroso. Existem muitos estudos que abordam a gamificação na educação e são diversos os benefícios proporcionados”, explica Andressa.

Segundo a psicopedagoga, Ana Luiza tinha muita dificuldade de permanecer no controle ocular, tempo que durava no máximo 20 minutos: “Depois ela fechava os olhos e se recusava a realizar qualquer atividade. Como eu sabia que ela adorava jogar jogos no tablet com a técnica de enfermagem que a atende, a Andréia, passei a introduzir os jogos em formato de atividades, aumentando consideravelmente o interesse da Ana Luiza na realização das atividades pedagógicas. Hoje, ela consegue utilizar o controle ocular por horas e, dessa forma, os jogos permitem trabalhar habilidades cognitivas, como concentração, raciocínio lógico, memória; além das habilidades sociais, como trabalho em equipe, socialização e inclusão – de forma que não existem diferenças entre ela e uma criança típica naquele momento do jogo, e ambas se divertem!”, ressalta.

Ao Dia das Crianças, Andressa propõe a reflexão aos profissionais que atendem crianças atípicas: “É importante sempre presumir potencial às crianças com deficiência, principalmente na questão da diversão! Lembre-se da importância do brincar no desenvolvimento de seus pacientes atípicos, desde que sejam ofertados recursos adequados às suas capacidades. Desejo ainda que esta data traga, principalmente, a reflexão da importância de terem ‘voz’, por meio da CAA, para que possam expressar toda a alegria de poderem brincar e se divertirem como qualquer criança!”.

Redação Civiam

Entrevistas, histórias reais e conteúdo sobre diversos aspectos ligados às Tecnologias Assistivas e à educação na saúde.

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