Viajar nas férias é tradição para muitas famílias – é o momento de descansar e se divertir para voltar à rotina com as energias renovadas! Mas, quando há na família uma pessoa com deficiência, a prioridade dos destinos escolhidos é a acessibilidade com inclusão.
Em nosso site, trouxemos a visão do especialista Ricardo Shimosakai sobre o que considerar antes de contratar um serviço de estadia em hotéis e pousadas (confira aqui), e hoje compartilhamos as dicas de uma família, na visão de Marcela Mendonça, mãe do Bruno, 6 anos, que tem paralisia cerebral e hidrocefalia, e Luísa, que completará 10 anos no dia 25/1. A família costuma viajar com frequência e, por isso, acumula experiência sobre os pontos relevantes a considerar para que a viagem ocorra com tranquilidade e proporcione diversão a todos.
Pelo fato de o Bruno ter a mobilidade reduzida, fazer uso de ventilação mecânica e se alimentar por gastrostomia, Marcela diz que precisa se atentar aos insumos que são necessários em sua rotina, além de prever situações de emergência: “Por isso, deixo sempre preparadas algumas bolsas, onde organizo todos os itens que o Bruno usa. Por exemplo, mantenho uma bolsa só de medicamentos, faço uma lista e, dias antes da viagem, faço o check-list para conferir se não há nenhum remédio faltando. Como ele faz uso de aspiração e sonda, eu preparo uma bolsa específica chamada auxílio diário, onde estão os insumos, como soro fisiológico, luvas para manuseio, seringas, gazes, cilindro portátil de oxigênio, entre outros. Preparo ainda outra bolsa só de backup, com itens que podem ser necessários e que não teremos onde comprar, se houver a necessidade, como a sonda da gastrostomia ou o extensor do cano da ventilação mecânica – são coisas difíceis de estragar, mas, caso aconteça, estamos preparados. Outro item são as fraldas geriátricas a mais, pois, se precisar é algo difícil de encontrar em farmácias comuns, ainda mais durante uma viagem”.
Marcela conta também que a cada viagem, se houver alguma coisa que precisava ter sido acrescentada na mala e que fez falta durante a estadia, ela adiciona na lista logo que retorna para casa.
Quanto à escolha dos destinos, Marcela diz que sempre fala por telefone para checar a acessibilidade do local e a estrutura do quarto acessível. “Além disso, quando percebo se o atendente não faz questão da inclusão quando falo que tenho um filho com deficiência, já descarto na hora a estadia e busco quem nos atenda com interesse em oferecer o melhor para nós”, salienta. Ela garante que perceber no tom da conversa tal interesse é fundamental para garantir uma viagem com um bom atendimento, inclusão e acessibilidade. “Em uma das viagens iniciais que fizemos com o Bruno para Porto Seguro, eu havia esquecido de levar o suporte da dieta, que é fundamental para a gastrostomia. Perguntei a um atendente do hotel se havia alguma coisa em que eu pudesse pendurar a alimentação e expliquei a situação. O atendente disse que não tinha no hotel nenhum tipo desse recurso, mas, prontamente, ele fez questão de achar uma solução para garantir a alimentação do Bruno: sem titubear, pregou um prego na parede do quarto onde estávamos, sem se preocupar se podia ou não furar a parede. Atitudes como essa fazem total diferença durante a estadia!”, destaca.
Marcela conta também que, pelo fato das crianças gostarem bastante de água, a família dá prioridade aos hotéis com área de piscina. “O Bruno não gosta de água muito fria, então checo antes se há piscinas aquecidas – uma das prioridades das nossas escolhas. Além disso, valorizamos locais com recreação infantil e com bastante área de natureza, porque gostamos de caminhar em família”, sugere.
Marcela acredita que hoje os hotéis e pousadas estão se aprimorando cada vez mais para a acessibilidade e para a inclusão: “Antigamente, os quartos adaptados eram só para uma pessoa com deficiência e um acompanhante. Hoje, há opções de chalés para a família que são adaptados, o que, no nosso caso, faz toda a diferença, afinal somos em quatro pessoas e, claro, queremos ficar todos juntos no mesmo quarto”, salienta.
De todos as viagens e passeios vividos pela família, Marcela seleciona cinco locais que ela considera, até o momento, os melhores em acessibilidade e inclusão, a partir do que os destaca:
Blue Tree Thermas de Lins – tem elevador pra descer na piscina!
Hotel Villa de Santo Agostinho, em Bragança Paulista – tem também elevadores para o acesso nas piscinas, que são cobertas e climatizadas; piso tátil por todo o hotel, além de ter quartos (para uma pessoa com deficiência e acompanhante) e chalés adaptados (para famílias).
Monreale Resort e Parque Aquático, em Poços de Caldas – tem brinquedos adaptados, permitindo a inclusão e a diversão de todas as crianças!
Hot Beach Parque Aquático, em Olímpia – há cadeira anfíbia para entrar na piscina.
Hopi Hari – tem rampas de acesso a todo o parque e as pessoas com deficiência são prioridade.
Essas e outras dicas podem ser conferidas no Instagram https://www.instagram.com/umavidaespecial/, onde Marcela posta a rotina da família!
Ela ressalta ainda a dificuldade das viagens em relação às estradas, nos postos de gasolina: “Os postos não estão preparados para receber pessoas com deficiência, porque os banheiros adaptados normalmente não contemplam as pessoas que usam fraldas, como no caso do Bruno. Por ele ser uma criança grande, ele não cabe nos trocadores, o que dificulta muito quando precisamos trocá-lo. Uma estratégia que utilizamos é checar se no caminho há shoppings acessíveis para programarmos as paradas ao longo da rota”, orienta.