A trajetória de Tatiana Cesar (T21) na aquarela
A arte sempre esteve presente na vida de Tatiana Cesar. Aos 39 anos – e prestes a completar 40 no próximo dia 5 de dezembro – ela é exemplo de que quando há espaço, apoio e acesso, o talento floresce. Com uma sensibilidade ímpar e marcante na pintura em aquarela, a arte em telas tornou-se a sua principal profissão. Ao lado da mãe, Sueli Pena, Tatiana leva suas obras a feiras e eventos, compartilhando seu olhar artístico com o público e ampliando o diálogo entre arte, afeto e inclusão.
A artista é inspiração também de que a deficiência nunca foi barreira para fazer o que gosta e conquistar os seus sonhos: Tatiana tem Síndrome de Down e antes de se dedicar à pintura, a sua trajetória passou intensamente pela dança. Foram 25 anos de formação no Estúdio de Dança Lamberti, onde praticou ballet clássico, jazz, sapateado e dança do ventre. Ao longo desse período, participou de diversos espetáculos e festivais, conquistando troféus e medalhas. Em paralelo, também explorou outras linguagens artísticas, como aulas de bateria no Alma de Batera e cursos de fotografia da Galera do Click.
O contato inicial com a pintura aconteceu ainda na escola, durante o ensino fundamental no CEDE (Centro da Dinâmica de Ensino, uma escola especial para crianças e jovens com deficiência intelectual e Síndrome de Down), onde se formou em 2008. Na época, participou de cursos bimestrais com artistas convidados, promovidos pelo Instituto Olga Kos. No entanto, apenas anos depois é que a pintura ganharia um espaço central em sua vida.
A aquarela como reencontro e propósito
O reencontro com a arte veio após a pandemia. No final de 2022, Tatiana iniciou aulas de aquarela com a artista e professora Silvana Gualda, em um convite que surgiu de forma inesperada: um encontro casual em um mercado. Após um período longe das atividades artísticas por conta da pandemia, a proposta veio no momento certo. A afinidade com a professora e com a técnica foi imediata. Desde então, segundo Silvana, Tatiana vem evoluindo de forma consistente e sensível.
Sua produção se destaca pela suavidade na escolha das cores e na composição das imagens. Atualmente, a artista tem experimentado novas técnicas, incorporando tons mais vibrantes e sobreposições em suas aquarelas. As paisagens, pássaros e flores estão entre seus temas preferidos. Para criar, Tatiana parte de imagens que pesquisa, observa atentamente e, a partir delas, transforma a referência em aquarela, imprimindo sua própria leitura e sensibilidade à obra.
A primeira experiência de exposição e venda aconteceu em um bazar realizado em uma cafeteria em Perdizes (SP), a Almaroma, cujo proprietário tinha forte vínculo com ações de inclusão, tanto no trabalho quanto na curadoria dos eventos. Embora o espaço não exista mais, a iniciativa marcou o início da participação de Tatiana em bazares inclusivos e a partir daí inúmeros eventos passaram a contar com suas artes.
O próximo compromisso já tem data marcada: no dia 6 de dezembro, Tatiana estará no Bazar de Natal do Colégio Sion, em Higienópolis, das 13h às 21h. Para os eventos e vendas, a artista mantém sempre obras à pronta entrega. Em geral, produz cerca de duas aquarelas por aula, além de bloquinhos de anotações, marcadores, livros para colorir e, nesta época do ano, cartões de Natal. Dependendo do prazo e da quantidade solicitada, também aceita encomendas. A divulgação e comercialização dos trabalhos acontecem principalmente pelo Instagram @taticesar_38/ e por contato direto.
Mais do que uma trajetória artística, a história de Tatiana inspira a todos e, por isso, para o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, Sueli Pena deixa a seguinte mensagem: “A inclusão vai além de aceitar diferenças ou cumprir metas, mas permitir a participação plena das pessoas com deficiência e garantir a total acessibilidade em todos os ambientes”.
