No dia 2 de abril é o Dia Mundial de Conscientização do Autismo e para a fonoaudióloga Vanessa Gouvêa, à frente da Pilar Terapias Integradas, no bairro do Brooklin/SP, falar de autismo é falar da sua trajetória: “Estou nesse universo de estudos sobre o autismo desde quando ingressei na faculdade, em meados de 1999, e principalmente quando comecei a estagiar que passei a mergulhar nas questões inerentes ao autismo. Naquela época o autismo não era muito falado e para estudarmos sobre o assunto e termos acesso a documentos e pesquisas, tínhamos que buscar materiais, artigos e referências no exterior. Ou seja, o estudo do autismo era muito restrito e, portanto, os tratamentos também. Naquela época havia pequenos grupos de pessoas estudando e trabalhando com crianças autistas que eram consideradas dentro da esquizofrenia. Por isso, quando hoje percebemos um crescimento considerável de diagnósticos de autismo, não tem como sabermos o que que veio primeiro: se foi o aumento do número de casos gerando aumento de estudos ou o aumento dos estudos que melhorou a questão da assertividade dos diagnósticos. Pois, com o passar do tempo, até mesmo exames como a ressonância magnética funcional, que ajudou até naquela época a entender como os autistas funcionavam, mesmo não apresentando uma lesão anatômica, mas uma lesão funcional, estão bem mais evoluídos hoje. E juntamente com o avanço da tecnologia e da área da saúde, acredito que todo o conjunto tem ajudado a aumentar o número de diagnóstico de autismo”, opina a especialista.
Até por isso que, segundo a fonoaudióloga, hoje percebe-se também um aumento no número de pessoas que estão recebendo o diagnóstico de autismo depois de adultas. “Além da evolução dos exames ao longo do tempo, considera-se também que hoje, na maioria das vezes, o diagnóstico acontece porque muitos pais levam os filhos para uma consulta médica e começam a se atentar para os quadros de características que eles mesmos começam a observar que eles também têm. Assim, o diagnóstico pode ser confirmado até mesmo na própria consulta do filho”, diz Vanessa.
As barreiras para um diagnóstico correto
Porém, hoje, ainda que existam todos os avanços da área da saúde, a especialista ressalta que o diagnóstico precoce de autismo, bem como o início das intervenções terapêuticas é uma realidade que ainda precisa evoluir: “Ao longos dos anos de experiência nos atendimentos, notei que quando recebemos crianças de 1, 2, 3 anos de idade para intervenção terapêutica por apresentar risco de ter algum diagnósticos futuro, normalmente, são filhos de médicos pediatras, neurologistas, que já detectaram alguma diferença em relação às crianças neurotípicas. Porém, a grande maioria dos pais, ainda hoje quando começa a estranhar algum fator no desenvolvimento da criança e leva a dúvida aos médicos ou professores, acabam recebendo a resposta de que que é ‘normal’, que é o tempo da criança e, então, o diagnóstico passa a vir de forma tardia, somente 4, 5 anos após os primeiros sinais”, explica Vanessa.
Por isso, a especialista recomenda que os pais se atentem a importantes sinalizadores na criança, que são considerados comportamentos de prejuízos, como interação e comunicação social alteradas, assim como interesse e comportamentos restritos e repetitivos, que variam em diferentes graus de intensidade. “É por isso que se diz Transtorno do Espectro, porque existe uma gama muito grande de habilidades e dificuldades que diferenciam a intensidade desses sintomas, tornando cada autista único em suas características, cada um com a sua personalidade, com os seus interesses, com as suas dificuldades e com as suas potencialidades também. Por exemplo, tem autista que pode ter dificuldade da linguagem, mas a interação social não é tão prejudicada. Porém, por ter alterações na linguagem, pode ter dificuldade de interpretar metáforas e figuras de linguagem”, esclarece a fonoaudióloga.
É por isso que a especialista recomenda que os pais busquem um profissional para fazer uma avaliação, caso notem alguma estranheza. “Desde bebê alguns sinais são perceptíveis, como por exemplo, uma criança apática demais ou que não se regula, como chorar demais, ou que não interage muito com o ambiente. Um bebê neurotípico por volta de 9 meses já começa a apontar para as coisas e a fazer o que a gente chama de atenção compartilhada, ou seja, ele mira para onde está indo a atenção da mãe, por exemplo. Já para uma criança com autismo, isso é muito difícil. Então eu aponto por exemplo para um objeto que, para uma criança típica, ela acompanha com muita facilidade. O bebê autista nem sempre acompanha e o apontar para ele também é algo difícil. Então, na grande maioria dos casos, os bebês já apresentam dificuldade de comunicação nessa fase. Por isso, esses sinais quando detectados precocemente, independente se for ou não uma criança autista, mostram que precisa de intervenção o quanto antes para que se desenvolva ao longo da sua vida”, esclarece a especialista.
De acordo com Vanessa, outro ponto relevante são as expressões faciais que os autistas quando bebês não têm tanto interesse e é preciso estimulá-los. “É muito importante observar, ressaltando que cada caso realmente é um caso. Outro exemplo é quando o bebe autista rejeita uma amamentação porque do ponto de vista sensorial para ele não é agradável ou ele pode não gostar de ser carregado e abraçado. Por outro lado, há casos de bebês autistas que não têm problema com o contato, mas já não gostam de ficar sozinhos ou querem ficar mamando o tempo todo. Por isso a complexidade das crianças serem diagnosticadas com TEA (Transtorno do Espectro Autista) de forma precoce no Brasil é ainda um desafio. O autismo abrange diversas nuances, mas observar e se atentar a algo que gere uma certa estranheza já deve motivar os pais a buscarem um profissional para melhor avaliar a criança”, explica Vanessa.
Atendimento focado em autismo na Pilar Terapias Integradas
Exatamente por toda sua experiência de anos estudando o autismo, é que a fonoaudióloga Vanessa oferece um trabalho especializado para atendimento a autistas na Pilar Terapias Integradas com o método ABA (Análise do Comportamento Aplicada). “E todos os profissionais que atuam na clínica têm especialização no método, além da Comunicação Aumentativa e Alternativa, pois, dependendo de cada criança, utilizamos até mesmo a alta tecnologia para avaliação e estimulação cognitiva. Temos todos os meios para conseguir avaliar se a criança tem ou não desenvolvido determinado conceito, se ela consegue ou não expressar determinada habilidade, o que facilita muito os processos de interação com essa criança e de comunicação. Dessa forma, conseguimos avaliar em que nível essa criança está, tanto de desenvolvimento, quanto de linguagem”, explica a especialista.
Ela cita ainda que a questão da comunicação é uma das grandes dificuldades dos autistas e por isso começam a desenvolver comportamentos que não são adequados. “Como eles não conseguem comunicar algo que estão sentindo, um incômodo ou o que desejam, a parceria da psicologia com a fonoaudióloga é fundamental para que a criança tenha o suporte, tanto de linguagem quanto comportamental, pois fará com que a criança desenvolva uma interação mais assertiva quando ela sabe que vai ser entendida na sua intenção. O que acontece, muitas vezes, é que, por exemplo, o autista quer chamar um amiguinho para brincar mas ele não sabe como, então ele pode empurrar e essa atitude é vista como uma agressão e a criança começa a se privada do convívio social porque é rotulada como uma criança agressiva, mas na verdade é sua forma de comunicar que não está adequada e precisa ser trabalhada nas intervenções terapèuticas”, exemplifica Vanessa.
A especialista ressalta a importância também do atendimento conjunto dos fonoaudiólogos com os terapeutas ocupacionais nos casos de autismo. “Dessa forma, essa parceria trabalhará o ajuste da interação sensorial, os sentidos dessa criança para que tenha respostas mais apropriadas ao ambiente, além de trabalhar as atividades de vida diária. Afinal, o objetivo terapêutico é ajudar o autista a ser um indivíduo ativo, independente e que consiga ser autônomo. É importante também trabalhar em terapias a questão do convívio social, como os desafios com barulho. “Tanto na psicologia quanto nas terapias com fonos e TO’s na parte de integração, é importante que a criança comece a se habituar com situações que são aversivas a ela, desde que encontre alternativas. Exemplo disso é ir a uma festa em momentos mais tranquilos, como no início ou no final, que já tem menos barulho. O importante é o autista frequentar esses lugares de uma forma mais tranquila, ao invés de deixar de fazer ou de estar nos lugares”, incentiva.
Quanto ao Dia Mundial da Conscientização do Autismo, a fonoaudióloga deixa um recado aos pais dos autistas: “que vocês invistam nessa criança, que não deixem de apostar nas potencialidades dos seus filhos, que não deixem de ver tudo de positivo que eles conseguem realizar, que tenham força e perseverança para trabalhar tudo que é preciso, mas que, acima de tudo, os amem demais, porque esse é o papel da família, independente da condição. E esse suporte do amor incondicional só os pais podem dar”.
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