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Pessoas com deficiência também estão no grupo de risco ao coronavírus e a questão exige atenção

Menino com deficiência e seu fisioterapeuta, cuidado ao coronavírus

A mídia tem divulgado amplamente que os grupos de risco do COVID-19 são compostos apenas por idosos e doentes crônicos (como portadores de diabetes e hipertensos), mas pessoas com deficiência também estão entre a faixa da população com maior gravidade se contraírem o novo coronavírus.

Apesar de pouco se falar sobre a questão, é preciso redobrar a atenção a esse público, que depende, muitas vezes, de cuidados diários de home care e equipe terapêutica para as atividades rotineiras, como portadores de paralisia cerebral, Atrofia Muscular Espinhal (AME), Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), entre outras doenças raras, que tornam mais frágil a condição do paciente – muitos fazem uso de ventilação mecânica e apresentam um sistema respiratório e imunológico mais defasados.

Como a disseminação do vírus tem sido exponencial, a questão da higiene no manuseio a esses pacientes é fator crucial de proteção e o momento exige cautela quanto à exposição desnecessária dos portadores. Segundo Fátima Braga, presidente da ABRAME (Associação Brasileira de Amiotrofia Espinhal), a orientação é que os familiares respeitem as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de permanecer em casa: “cancelem as consultas rotineiras; expliquem aos portadores a situação da pandemia  e a necessidade de permanecer em casa”, alerta.

Ela ressalta, principalmente, a importância dos profissionais redobrarem a atenção nas visitas às internações domiciliares: “se possível, troquem de roupa antes de entrarem no quarto do paciente, utilizem máscaras e luvas, respeitem a distância considerada segura entre as pessoas, lavem as mãos de forma correta e utilizem o álcool em gel em todas as áreas de contato dos equipamentos”.

Além dessas recomendações básicas de cuidados com a higiene, a Associação Pró-Cura da ELA incluiu também em seu guia de boas práticas para portadores, o alerta ao uso de anti-inflamatórios, como o Ibuprofeno, que agravam a situação em caso de contaminação pelo vírus. Quem faz uso de corticoides e remédios para pressão deve conversar com o médico à frente do tratamento. A instituição chama atenção ainda para a atualização das vacinas, não apenas do portador de ELA, mas também de familiares e cuidadores. E, caso haja a necessidade de procurar um atendimento hospitalar, é preciso levar o Alerta Médico e o Informe da Esclerose Lateral Amiotrófica do paciente.

Em relação a portadores de Síndrome de Down e de Transtorno do Espectro Autista, é importante que os familiares e equipe terapêutica incluam na rotina dessas pessoas o ensino das medidas preventivas básicas, como o tempo correto de lavar as mãos. Michelli Freitas, Psicopedagoga Clínica e Institucional, especialista em ensino estruturado para criança autista, diz que os detalhes nesse aprendizado são importantes: “Muitas vezes, as clínicas e famílias colocam painel visual de como lavar as mãos, mas a criança ou o adolescente autista nem olha para esse material. Por isso, é preciso focar no ensino passo a passo da higienização, conduzindo o portador desde entrar no banheiro, acender a luz, abrir a torneira, verificando se não é dura demais, e assim por diante”, explica. Ela ressalta que o painel pode ser mantido como forma de lembrar o familiar ou cuidador dos detalhes da higienização das mãos, de modo a garantir o completo entendimento desse processo, que é fundamental para garantir a proteção contra o coronavírus (veja a orientação completa aqui).

Outro ponto a ressaltar é que, independente da deficiência, é preciso manter a calma para não gerar quadros de ansiedade nesses pacientes, que pode comprometer a imunidade. Além disso, uma vez que apresentam dificuldades em se comunicar, os familiares e cuidadores devem observar sempre todos os sinais de desconforto que eles venham a apresentar e que podem indicar a contaminação pelo COVID-19: dificuldade de respirar, febre e tosse seca. 

Importante observar também que, segundo a Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência,  os portadores com quadro neurológico e idosos podem apresentar sintomas específicos associados à infecção pelo coronavírus e que são pouco conhecidos, tais como: piora brusca no quadro geral de saúde, perda de memória e/ou confusão mental, perda de mobilidade e força, fadiga repentina. Ou seja: a qualquer observação de mudança na condição de saúde da pessoa com deficiência, procurar serviço de saúde mais próximo do local de residência. Veja todas as orientações aqui.

Redação Civiam

Entrevistas, histórias reais e conteúdo sobre diversos aspectos ligados às Tecnologias Assistivas e à educação na saúde.

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