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Instituto Chefs Especiais: há 17 anos promovendo a inclusão de pessoas com Síndrome de Down

Crédito imagem: site https://www.institutochefsespeciais.com.br/

O Dia Internacional da Síndrome de Down (SD), celebrado hoje, 21/3, tem o objetivo de conscientizar a sociedade sobre os direitos e, principalmente, a importância da inclusão social das pessoas com a síndrome. Neste ano, o tema, sugerido pela organização internacional Down Syndrome International (DSI) é em inglês “With us, not for us“, que significa “Faça com a gente, não pela gente” – um convite às pessoas e organizações no mundo a superarem a visão ultrapassada de caridade, na qual as pessoas com deficiência são vistas e tratadas como incapazes e, portanto, merecedoras de pena.

O Instituto Chefs Especiais é exemplo desse lema, uma vez que promove a inclusão social de pessoas com Síndrome de Down por meio da capacitação em gastronomia. É comandado pela advogada Simone Lozano, que, em agradecimento à vida, decidiu dedicar parte do seu tempo a uma causa social. Buscou diversos segmentos, até que descobriu que as pessoas com síndrome tinham pouco apoio da sociedade. 

Assim, o projeto teve início como um trabalho mensal, voltado à capacitação e desenvolvimento dessas pessoas, sendo realizado em um único sábado por mês, com locais cedidos por empresas ou voluntários. Entretanto, diante do sucesso das aulas, a busca por pessoas com Síndrome de Down, pais e voluntários cresceu de forma significativa e, para atender um número cada vez maior de alunos, Simone criou o Instituto Chefs Especiais, em 2006, com auxílio de patrocinadores, colaboradores e voluntários que  ajudaram e continuam ajudando a realizar sonhos e capacitar pessoas.

Apoio ao empreendimento social

Em 2013, Simone foi selecionada pela Ashoka Brasil (uma organização mundial que identifica e apoia no mundo inteiro empreendedores sociais com potencial de transformação para a construção de um mundo melhor), em um processo que, segundo ela, foi exaustivo: “Passei por uma bateria de entrevistas cansativas e, chegando ao final do processo, achei que não seria escolhida. Por isso a surpresa quando me ligaram dizendo que eu era a selecionada do Brasil”, relembra. A seleção ao programa da Ashoka rendeu à Simone apoio financeiro e tranquilidade para sair totalmente da área de advocacia e se dedicar 100% ao Instituto Chefs Especiais. 

“Porém, a única condição era que eu não usasse o aporte da Ashoka para o empreendimento, era apenas para os meus gastos familiares e pessoais. Como compromisso, eu tinha que levantar os fundos e batalhar para angariar recursos para alavancar o Instituto”, explica.

Assim, após uma batalha de um ano para conseguir patrocinadores e apoiadores, além de reformar e montar um espaço apropriado para as aulas, Simone conseguiu estruturar a sede, onde são realizadas aulas, workshops, cursos, eventos e muitas outras atividades gratuitas para pessoas com Síndrome de Down.

A fundadora explica o motivo de ter escolhido a gastronomia como agente transformador: “A gastronomia está presente em nosso dia a dia e a primeira coisa que pensamos quando alguém vem à nossa casa é o que vamos servir. Ela nos dá autonomia e, por meio dela, trabalhamos uma série de coisas, como quantificação, tempo, organização, coordenação motora, entre outros aspectos. E mais: é nossa escolha fazermos dos ingredientes um prato simples ou o melhor prato das nossas vidas. No Instituto Chefs Especiais só aceitamos quem quer transformar simples ingredientes nos pratos mais lindos e apetitosos. Queremos que, juntos, vençamos nossos limites e nos autodesafiemos a cada dia”, explica Simone.

E se engana quem pensa que nos cursos os alunos são tratados com regalias: “Aqui não existe assistencialismo, todos aprendem etapas da gastronomia como qualquer pessoa. Afinal, essa é a verdadeira inclusão: tratá-los de forma igual, sem pena. Claro que temos um olhar mais atento e cuidadoso com os alunos, mas pegamos duro com eles, porque são capazes e assim evoluirão mais rápido na sociedade – que não é nada boazinha!”, diz Simone.

O Instituto Chefs Especiais conta como padrinho o renomado chef Henrique Fogaça (também um dos Conselheiros da instituição) e voluntários de peso, como Erick Jacquin, Olivier Anquier e Guga Rocha. Os professores também são chefs voluntários – alguns responsáveis pela seleção dos alunos (a partir de 12 anos) no caso dos cursos presenciais: os pais interessados em inscrever seus filhos com Síndrome de Down no projeto devem preencher o formulário https://www.institutochefsespeciais.com.br/para-alunos/ para participar do workshop Down Cooking, com duração de 3 horas, em São Paulo, onde os professores conhecem as habilidades de cada participante para selecionar quem tem potencial para a gastronomia. 

Há também o curso “Se Vira Aí”, presencial, que traz aulas temáticas em módulos individuais. Esta capacitação também acontece na versão online, mas é preciso que o aluno tenha o suporte de algum adulto, que será o auxílio e ‘chef’ do aluno nas tarefas. “Neste formato, a cada aula, os pais ou responsáveis pelo participante precisam fazer um vídeo mostrando o aluno executando a receita”, explica Simone. As inscrições para o “Se Vira Aí” podem ser feitas também por meio do formulário: https://www.institutochefsespeciais.com.br/para-alunos/. Para mais informações: chefsespeciais@hotmail.com ou pelo WhatsApp: (11) 99122-1588

“Os cursos promovem o desenvolvimento da autonomia de cada aluno, proporcionando transformações não apenas nos estudantes, mas, também, nas famílias!”, explica a fundadora, que diz que a metodologia foi ajustada diversas vezes ao longo dos anos para permitir que os participantes desenvolvam o máximo de suas potencialidades na gastronomia. 

“Ao longo desses 17 anos, não imaginávamos chegar aonde chegamos: por ano, formamos em torno de 300 alunos e em 2017 inauguramos o Chefs Especiais Café – o primeiro Café inclusivo do Brasil, como uma vitrine do Instituto Chefs Especiais, com o intuito de mostrar como eles são capazes e, principalmente, incentivar a inclusão social”, diz a fundadora.
O projeto conta com patrocínio da Três Corações, Friboi e grupo GRSA; e aceita doações de pessoas físicas e empresas. Mais informações: http://www.institutochefsespeciais.com.br/faca-uma-doacao/.

Simone explica também que além dos cursos voltados ao público com Síndrome de Down, o Instituto realiza o formato chamado “Vivência”, específico para empresas, cujo objetivo é proporcionar um novo olhar para a inclusão social: são oficinas em que 12 executivos em posições de destaque cozinham em equipe, juntamente com Chefs Especiais, sob o comando de um chef de cozinha. “A ideia é proporcionar uma rica experiência de inclusão, de forma a trabalhar com essas lideranças o trabalho em equipe e a aceitação das diferenças”, explica.

Chefs Especiais Café

Foto da entrada do Chefs Especiais Café, com o Gabriel e o Fabricio sentados usando camisetas pretas, coletes de couro e máscaras pretas. Ao centro de pé está Simone, uma mulher loira de cabelos compridos, usando camiseta preta, sorrindo e abraçando os dois para a foto.
Gabriel, Simone e Fabrício

No Chefs Especiais Café, localizado no bairro dos Jardins, em São Paulo, e inaugurado há seis anos, os atendentes são pessoas com Síndrome de Down e o barista é autista, sendo que todos são formados pelo Instituto Chefs Especiais. “Eles são supervisionados de perto, mas mostramos, principalmente, que, com amor e paciência, eles podem ter mais autonomia em suas vidas”, salienta Simone.

Ela explica ainda que os Chefs passam constantemente por rigorosos treinamentos profissionais em atendimento, higiene e postura no trabalho, cuidados com a contaminação por covid, entre outros temas.

Como logomarca, o Café conta com uma caveira, que, como explica Simone, é o símbolo da igualdade: “Independente de crenças religiosas, etnia, idade, sexo, todos nós somos caveiras!”, diz. Além disso, ela teve todo o cuidado ao escolher também a temática do Café e o uniforme dos funcionários: “Para tirar o rótulo de que as pessoas com Síndrome de Down são frágeis, nos baseamos em um motoclube de São Paulo e fizemos como decoração um ambiente descolado. Todos usam um colete de couro, podem usar maquiagem pesada e ter/fazer tatuagens”, brinca a fundadora.

Vale lembrar que o hardcore é apenas na decoração, porque todos os atendentes são muito gentis e motivados a proporcionar a melhor experiência aos clientes.

Foto da parte lojinha do Chefs Especiais Café, com pratrlriras com bolachinhas, latas de bolos, camisetas e canecas.

Para incentivá-los a serem empreendedores, Simone disponibiliza um espaço para que os alunos exponham suas criações, como as bolachinhas amanteigadas deliciosas do Matheus (@matheusmaester).

O Chefs Especiais Café conta com o patrocínio da GRSA, Friboi e da Três Corações, que é responsável pela capacitação periódica de todos os funcionários quanto à moagem adequada, barista, tipos de cafés, entre outros. A empresa fornece ainda uma grande variedade de grãos de cafés especiais, advindos de diversos projetos sociais apoiados pela marca em todo o país, possibilitando aos amantes da bebida conhecerem a diversidade do café brasileiro em um ambiente totalmente inclusivo. 

Na foto Fabricio posa ao lado de uma máquina profissional de café com o logo do café ao fundo.
Barista Fabrício

Confira alguns depoimentos dos alunos e de suas mães neste vídeo sobre o Chefs Especiais Café: “Construindo Histórias” (Canal VR Benefícios), onde Simone conta sobre o empreendimento:

Mais informações:
Chefs Especiais Café
Rua ‪Alameda Tietê,  43‬ – loja 15  – Cerqueira César | SP
Horário de funcionamento: segunda a sábado das 10h ‪às 18h‬
Dúvidas e sugestões: ‪(11) 3081-3987 / (11) 94503-4811
Insta: @chefsespeciaiscafe

Instituto Chefs Especiais:
https://www.institutochefsespeciais.com.br/
Telefones para contato: (11) 2638-7478 / (11) 99122-1588
Insta: @chefsespeciais_

Redação Civiam

Entrevistas, histórias reais e conteúdo sobre diversos aspectos ligados às Tecnologias Assistivas e à educação na saúde.

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