Libras: essencial a toda a sociedade para que a inclusão da comunidade surda aconteça em todos os ambientes

Nesta semana, duas datas importantes marcam a luta da comunidade surda pela inclusão: no dia 23/4 é celebrado o Dia Nacional da Educação de Surdos e no dia 24/4 é comemorado o Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais (Libras), que foi oficializada como meio legal de comunicação e expressão, por meio da Lei nº 10.436, sancionada em 2002 – essencial para garantir à comunidade surda o direito de se comunicar, aprender e ser compreendida em sua própria língua.
Por isso, iniciativas como a de um grupo da Universidade Federal do Piauí (UFPI), que elaborou um manual para ajudar estudantes surdos nas escolas, é de suma importância e corroboram com a educação dos surdos. Denominado “Manual de Libras para Ciências: A Célula e o Corpo Humano”, o material digital, lançado em 2020, foi pioneiro na educação inclusiva e tem o propósito de auxiliar também os professores durante as aulas ministradas a alunos surdos, assim como tornar a educação acessível à comunidade surda ao conter ilustrações e uma linguagem adaptada em libras. Gratuito, o manual pode ser baixado no link:
Além disso, materiais adaptados para a sala de aula, que promovem a inclusão das pessoas surdas na jornada escolar são ideais, não apenas para os alunos surdos, como para toda a turma, uma vez que o aprendizado da Libras diminui as barreiras da comunicação entre surdos e ouvintes. O banner alfabeto ilustrado Braille e Libras é um deles e ajudará na aprendizagem da Língua Brasileira de Sinais por todos.
Os jogos são também uma forma bastante eficaz na aprendizagem da Libras, uma vez que não apenas ensinam, como promovem a inclusão e a socialização com toda a turma. Brincadeiras como quebra-cabeça, assim como jogos de memórias (como o Memória Educativa Alfabeto Em Libras – FUNDAMENTAL) e dominós (como o Dominó animais em Libras) são uma ótima opção para o uso em sala de aula ou para reforçar o aprendizado da escola em casa!
Os livros infantis também são ferramentas fundamentais na educação das pessoas surdas, como o clássico Livro de Estória Infantil em Libras Branca de Neve e os Sete Anões e os Três Porquinhos, também na versão em Libras.
Educação Bilíngue
A Língua Brasileira de Sinais começou a ser institucionalizada no Brasil com a abertura do atual Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), em 1857. A organização teve origem a partir do francês Ernest Huet, um professor surdo que veio ao Brasil convidado pelo imperador Dom Pedro II. Huet trouxe a Língua de Sinais Francesa (LSF), que exerceu forte influência no desenvolvimento da Libras e da de outros países, como os Estados Unidos, que desenvolveram a American Sign Language (ASL).
É comum as pessoas confundirem a Libras com uma linguagem, o que é um equívoco, uma vez que a Libras é uma língua com estrutura gramatical própria, regras e estruturas sintáticas, semânticas e pragmáticas próprias e bem definidas. Já o termo linguagem é o mecanismo usado para transmitir ideias e pode ser tanto de forma verbal como não verbal.
Ou seja, a Língua Brasileira de Sinais é considerada um outro idioma e é independente do português, assim como o inglês e o espanhol. Além disso, a Libras não é universal, pois cada país possui sua própria língua de sinais. De acordo com a Federação Mundial de Surdos, estima-se que possam existir hoje cerca de 300 línguas de sinais diferentes ao redor do mundo. Na Argentina, por exemplo, é reconhecida legalmente a Lengua de Señas Argentina (LSA), que não tem correspondência nem com o espanhol, nem com a Lengua de Senãs Paraguaya (LSPY).
Além de ferramenta essencial de representatividade e inclusão da comunidade surda, a Libras é também a forma com a qual as pessoas surdas podem lutar por seus direitos e ter acesso à educação, ao mercado de trabalho, ao lazer e a uma melhor qualidade de vida na sociedade.
Fontes:
https://www.librasol.com.br/grupo-monta-manual-de-libras-para-uso-em-disciplinas-de-ciencias/
https://portal.unila.edu.br/informes/lingua-brasileira-de-sinais