As conquistas de Alice Casimiro são uma inspiração para todos!
No dia 18 de junho é comemorado o Dia Mundial do Orgulho Autista, uma iniciativa da organização americana Aspies for Freedom e que passou a ser celebrada no Brasil em 2005. A data tem como objetivo desfazer concepções negativas sobre o autismo, além de conscientizar a sociedade de que o Transtorno do Espectro Autista (TEA) não é uma doença, mas uma variação neurológica natural da diversidade humana, que produz formas distintas e atípicas de pensamento, mobilidade, interação, processamento sensorial e cognitivo, e que deve ser respeitada.
Por isso, compartilhamos as conquistas da escritora e ativista Alice Casimiro, 26 anos, do canal no Instagram @alice_neurodiversa, que exemplificam com maestria a temática da data: ela tem o diagnóstico de autismo, TDAH e dispraxia, e uma de suas principais realizações foi sair da casa dos pais para dividir um apartamento com uma colega. “O primeiro mês foi totalmente para adaptação. Tive bastante apoio da minha amiga que mora aqui na rua (e o motivo de eu ter vindo morar neste endereço), da colega de apartamento (que depois se tornou minha amiga), de outras amigas, de terapeutas e da psiquiatra. Meus principais desafios foram lidar com a reação dos meus pais à minha mudança e ajustar minha rotina ao novo espaço”, diz Alice, que conta com o suporte de uma cuidadora.
Outra conquista de Alice é o emprego em uma empresa inclusiva, que ela conquistou há quase dois anos e, dessa forma, teve a oportunidade de viajar a trabalho para participar de um evento corporativo em março do ano passado. “Foi incrível porque eles perguntaram o que eu precisava para conseguir viajar após eu dizer que não conseguiria ir e pagaram para minha mãe ir comigo sem nenhum rodeio. Fizeram questão de tornar o evento o mais inclusivo possível, disponibilizando até uma salinha separada para eu me retirar quando precisasse, e eu a utilizei bastante”, conta.
Alice enfatiza ainda o apoio crescente que tem recebido da empresa: “Eu estou melhorando no trabalho agora que estão aumentando ainda mais o suporte que recebo. Isso está me ajudando a evoluir bastante. E também, por ter uma cuidadora, eu tenho tido muito mais acesso ao lazer e ficado menos presa em casa, o que era uma grande fonte de tristeza na minha vida”.
Quanto aos seus sonhos que ainda quer realizar, ela destaca: “Almejo ser promovida e ter melhores condições financeiras para fazer mais coisas, como ter ajuda mais dias da semana, praticar um esporte, passear mais, coisas assim. Eu também gostaria de conhecer o Japão e os Alpes suíços um dia, além de conhecer uma pessoa para talvez casar e viver uma vida atípica juntos, com suporte”.
Neste Dia Mundial do Orgulho Autista, Alice deixa a seguinte mensagem: “Eu gostaria de dizer que a vida não precisa ser tão pesada para nós. Receber o suporte adequado faz muita diferença na nossa qualidade de vida, e, por falta de políticas públicas e ações estatais concretas, acabamos dependendo de nossas questões financeiras para ter acesso a esse suporte. Quando nossa família não consegue prover, como era meu caso. Como todas as pessoas, é importante conseguir ter renda própria, por isso precisamos muito de mais empregos inclusivos para autistas de todos os níveis de suporte que desejam trabalhar. As dificuldades não são culpa nossa. Não somos nós que estamos quebrados, é o sistema. Só vamos conseguir superá-lo juntos, unidos”.
