Neste ano, o Dia do Musicoterapeuta, comemorado no domingo (15/9), terá um significado ainda mais especial: em abril foi sancionada a Lei 14.842, que regulamenta a atuação profissional dos musicoterapeutas, processo que teve início em 2019 com a PL 6379. “A sanção é uma grande vitória aos musicoterapeutas, que ainda enfrentam desafios no exercício da profissão, como o desconhecimento por parte de muitas pessoas que nunca ouviram falar da musicoterapia e de seu potencial terapêutico, que tem fundamentos interdisciplinares. Através de interações mediadas pelo fazer musical, esta ocupação busca o desenvolvimento de processos de bem estar físico e/ou emocional para públicos diversos, como crianças, jovens, adultos e idosos. Situada na área da saúde, a musicoterapia é uma ciência que utiliza os elementos sonoro-musicais atuando em fatores biopsicossociais do indivíduo, podendo basear sua intervenção em demandas voltadas à promoção, prevenção, habilitação e reabilitação de saúde. Sua prática permeia o campo cultural e musical, promovendo qualidade de vida e autoconhecimento, além de potencializar processos de desenvolvimento motor, percepção, cognição, comunicação e outros”, salienta o musicoterapeuta Pedro Della Rosa, que atualmente se dedica a atendimentos voltados ao público infantil atípico, principalmente pacientes com diagnósticos de Transtorno do Espectro Autista e Paralisia Cerebral.
“É comum observar benefícios no âmbito social, promovendo espaços para a comunicação verbal e não-verbal, e consequentemente melhora no controle emocional, estimulando a expressão, interação e a musicalidade do indivíduo”, destaca Della Rosa sobre a musicoterapia no contexto clínico de atendimentos a crianças com deficiência, que, segundo ele, confere situações bastante positivas, comumente observadas nas sessões: “Pude presenciar situações gratificantes de pacientes emitindo suas primeiras palavras em sessões de musicoterapia, e ampliando repertório funcional do uso vocal e verbal. Exemplo disso foi uma paciente que, ao utilizarmos canções de seu interesse, associadas ao acesso a reforçadores positivos, ela se sentiu motivada e engajada a interagir e a cantar em conjunto com o terapeuta”.
Pedro ressalta ainda a importância da musicoterapia em conjunto com as demais áreas terapêuticas: “A interdisciplinaridade costuma ser válida em muitos dos casos. No ambiente clínico, por exemplo, o trabalho em conjunto realizado pelas equipes terapêuticas pode ser digno de melhoras comportamentais e sociais na vida do usufruidor. Atendimentos interdisciplinares agregam no desenvolvimento dos pacientes e na formação dos terapeutas, que vêm a trocar conhecimentos entre as áreas para obter avanços nos tratamentos, compreendendo com mais assertividade de que forma atuam os cooperadores profissionais da saúde”.
O Dia do Musicoterapeuta foi decretado pelo então governador de São Paulo, Luiz Antônio Fleury Filho, em abril de 1991. Logo, a comemoração foi estendida para o resto do país. Como mensagem à data, Pedro destaca: “A musicoterapia é, na minha visão, uma prática bastante vasta, hábil a trazer, através de meios artísticos, qualidade de vida em âmbitos diversificados e holísticos. Com olhar personalizado e tratamento humanizado, a musicoterapia se faz embasada e eficiente. Torço pelo avanço da profissão, por progressões na formação e na valorização deste profissional na sociedade”.