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AcroYoga: uma terapia que permite que pessoas com mobilidade reduzida voltem a sentir o corpo em posições nunca antes imaginadas

Bruno está deitado em um colchonete com as pernas para cima, sustentando uma aluna pelo quadril. Ela está com as pernas esticadas e o tronco para baixo.

“Quero partilhar com vocês a experiência vivida. Senti o meu corpo de volta, com a perda dos movimentos há muito tempo não experimentava ficar de bruços, por exemplo, me senti sem limitações físicas, algo indescritível, EU novamente. Outra maravilhosa experiência foi a de comunicação sem fala, tenho lutado muito para me comunicar usando recursos diferentes, mas a comunicação depende também do outro ter o interesse de comunicar. Todos deveriam experimentar essa sensação de voar, flutuar, mas acima de tudo, pessoas com deficiência, é um resgate”, relata Beth Ribeiro em seu Instagram sobre uma das sessões de AcroYoga realizada com o terapeuta Bruno Garrote. Acometida pela Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), Beth mostra em um vídeo no YouTube como é estar em posições diferentes das que está acostumada em cadeira de rodas, que lhe conferiram a sensação de voo, ainda que tenha mobilidade reduzida por conta da ELA. Confira:

O AcroYoga reúne a prática do Yoga com exercícios de acrobacia, massagem e voos terapêuticos e, de acordo com o terapeuta Bruno Garrote, traz inúmeros benefícios não apenas físicos, mas principalmente emocionais e de expansão da consciência, independente da crença de cada um, uma vez que tem foco no estado de presença e na entrega entre terapeuta e paciente. 

“É um estado meditativo, em que o terapeuta fica em escuta e atenção total ao corpo que está na sua frente, ouvindo seus limites para que ele vá ganhando amplitude e movimento, independente se há uma deficiência ou não. Cada corpo é um corpo e, mesmo que não haja verbalização da pessoa com necessidades complexas de comunicação, o corpo falará de alguma forma por estímulos musculares ou, por exemplo, por meio de piscadas para que a pessoa expresse dor ou prazer. E não é apenas uma experiência positiva para a pessoa que está sendo atendida, mas principalmente para mim, que preciso ter uma escuta ainda mais fina para ouvir o que o corpo está querendo nos dizer. É um atendimento muito rico, de entrega e confiança mútua, de cuidado e presença”, explica o especialista, que descobriu a paixão pelo estudo entre corpo e mente ainda na faculdade, quando cursava Direito, em Brasília, e já se encantava com disciplinas como Filosofia e Psicologia. Bruno tem Mestrado e Doutorado em Direito e Filosofia pela USP e foi responsável pela criação de uma disciplina de extensão no curso de Direito da USP, denominada Corpo e Consciência Jurídica, que permaneceu na grade curricular durante quatro anos enquanto esteve como professor do curso. “As aulas compreendiam dança, massagem, teatro, meditação, entre outras práticas ligadas ao desenvolvimento de uma empatia para consigo mesmo e para com o outro”, explica Bruno.

De acordo com o especialista, não há um número mínimo de sessões de AcroYoga terapêutico. “Independentemente se é uma pessoa com deficiência ou não, o AcroYoga, por trabalhar com confiança e entrega, é benéfica desde a primeira sessão, mas quanto mais a pessoa experienciar, mais confiança ela vai tendo no processo e soltando o corpo ao longo do tempo”, esclarece Bruno. 

Bruno está deitado em um colchonete com as pernas para cima sustentando uma aluna pelo quadri.

Antes de iniciar as práticas, o terapeuta explica como serão os movimentos, mas durante a sessão ele prefere falar pouco, aproveitando os benefícios do silêncio ou, dependendo do que achar necessário, pode haver a utilização de música. “Há pessoas que têm dificuldade em permanecer em silêncio, têm necessidade de falar durante toda a prática, seja por algum incômodo inicial de estar conhecendo algo novo, seja porque é mais desafiante para elas se entregarem para um estado mais meditativo ou ainda aquelas que querem ajudar o terapeuta, o que pode estar relacionado com um sentimento de culpa ou até de não merecimento em estar recebendo algo benéfico e poder estar em um estado mais passivo e entregue. Por isso, o AcroYoga também se torna um exercício benéfico para trabalhar a autoconfiança (o eu posso!, e o que eu mereço!, o quão profundo meu corpo pode ir), a ansiedade, o foco, alinhar expectativas e frustrações que lidamos no dia a dia, além de diferentes formas de enxergar a vida (literalmente, porque a posição nos permite ficar de cabeça para baixo).  Além disso, é muito comum experienciarmos uma alegria, relaxamento e leveza de infância, quando éramos carregados e movidos suavemente por uma outra pessoa cuidando de nós”, explica o especialista.

Formações

Bruno brinca que o primeiro contato com o Yoga foi quando estava na barriga da sua mãe, adepta à prática durante a sua gravidez. Mas, sempre atento aos cuidados com a saúde mental e com o corpo, Bruno tornou-se também adepto ao Yoga como prática por poder realizá-la em qualquer lugar e independente de outras pessoas, o que considerava um ponto positivo pela autonomia que ela proporcionava. “Mas, ao conhecer a dança contemporânea, mais especificamente a de contato e improvisação, minha percepção mudou completamente, principalmente em relação à entrega ao outro, ao estado de presença e ao estado meditativo em movimento que nos colocamos. Toda dança é uma meditação quando trazemos a nossa presença para cada movimento das diferentes partes de nosso corpo. E o AcroYoga é esse convite para doar a sua presença e a sua atenção para uma outra pessoa, com quem estamos praticando junto”, explica.

Assim, em meados de 2013 é que o especialista passou a mergulhar em formações, algumas internacionais, das práticas relacionadas ao corpo, como AcroYoga, dança, respiração, massagens e passou a se dedicar aos atendimentos, cursos e palestras, focando sua carreira integralmente ao autoconhecimento e expansão de consciência por meio das práticas terapêuticas e de consciência corporal.

Devido a essa rica bagagem de conhecimentos e uma disposição para pesquisar e experimentar, Bruno alia diversas técnicas nas sessões. Em um post no Instagram, a senadora Mara Gabrilli compartilhou um dos atendimentos de AcroYoga, no qual se juntou a eletroestimulação aos voos terapêuticos : “Acroyoga ao som do mantra Om Namah Shivaya me faz desconstruir a tetraplegia e alcançar movimentos verdadeiros que emanam do meu corpo real, que não é condicionado à inércia. Alcanço algo maior, como se o universo se abrisse para novas conexões e possibilidades de movimentos, de equilíbrio físico, mental e espiritual. Gratidão @garrote.bruno , por ousar comigo, exercitando todo o potencial do meu corpo a alcançar posições inimagináveis para uma tetra. Hoje experimentamos algo inédito – talvez no mundo – que é o acroyoga elétrico. Imagine uma pessoa sem movimentos do pescoço para baixo, fazer acroyoga com eletroestimulação. Alongada de corpo inteiro, fui tomada de alegria e uma paz enorme. E ainda me senti mais próxima do meu irmão”. 

https://www.instagram.com/p/CU0VJLnpXUm/

Bruno é ainda poliglota (português, inglês, espanhol, francês, alemão e sânscrito), o que o permite pesquisar e aprender com diferentes culturas e professores, e também vegano (pela saúde, pelo meio-ambiente e pelos animais), ajudando pessoas a fazerem essa conexão e essa transição para uma vida mais saúde e responsável.

Foto de Bruno em um fundo de mata. Ele é jovem, moreno, usa óculos de grau, tem cabelos curtos encaracolados e usa barba

Quem tiver interesse nos atendimentos e nos estudos com o especialista, basta entrar em contato por meio de suas redes sociais:
https://brunogarrote.wixsite.com/corpoeconsciencia/brunogarrote
https://www.instagram.com/garrote.bruno/
https://www.youtube.com/c/BrunoGarrote/videos
Ou diretamente pelo seu WhatsApp: (11) 99277-0766.

Redação Civiam

Entrevistas, histórias reais e conteúdo sobre diversos aspectos ligados às Tecnologias Assistivas e à educação na saúde.

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