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Colégio Vicentino de Cegos Padre Chico, referência na inclusão escolar de alunos com deficiência visual, está com matrículas abertas

Foto em close de uma mesa de escola com uma apostila com um texto normal e em braille. a mão do aluno está passando sobre as letras braille. Sobre a mesa uma máquina de escrever braille

 O Colégio Vicentino de Cegos Padre Chico recebe matrículas até janeiro de 2025. Com identidade católica e integrante da Rede Vicentina de Educação, o Colégio foi fundado em 1928 de forma pioneira e muito à frente do seu tempo: desde então, mantém seu propósito de ser uma escola inclusiva e filantrópica – é 100% gratuita e atua desde a Educação Infantil até o Ensino Fundamental II, atendendo crianças e adolescentes cegos, com baixa visão, sem deficiências ou ainda com outras dificuldades de aprendizagem.

Com uma proposta de educar por meio de metodologias que oportunizem a concretização da aprendizagem de forma inclusiva, o Colégio Vicentino de Cegos Padre Chico contempla as necessidades do estudante, garantindo a ele o acesso a colaboradores e professores especializados, além de recursos e materiais específicos e adequados. Ao longo de quase 100 anos de existência, milhares de alunos já passaram pela Instituição.

Cássia Araújo de Paula, mãe da aluna Ágatha Araújo de Azevedo, de 10 anos, cita os desafios enfrentados pela família na inclusão da jovem, que tem baixa visão: “Até encontrar o Colégio Vicentino de Cegos Padre Chico, Ágatha já tinha passado por quatro escolas diferentes. Tivemos muitas dificuldades em questão de ter adaptações adequadas para a condição da Ágatha (baixa visão) desde a inclusão, material adequado, acolhimento, etc. Tivemos dificuldade tanto em escola pública quanto particular: arriscamos colocá-la um ano em escola particular pensando que seria uma das melhores opções, mas na verdade foi a maior frustração que tivemos! Ágatha, por muitos momentos, chegou a se achar inferior por não estar acompanhando os coleguinhas, por não estar enxergando e entendendo as letras cursivas, tanto passadas em lousas, quanto no caderno, pois ela usa letra bastão. Houve até mesmo episódio em que uma professora a constrangeu no meio dos colegas. Eu, como mãe, fiquei super preocupada e comecei a me cobrar achando que estava errando ou que estava faltando algo, sendo que, na verdade, a escola não estava preparada para receber estudante com deficiência”, salienta.

Foto em close de uma sala de aula onde vemos em primeiro plano uma aluna lendo com os dedos um caderno em braille

Assim, conhecer o Colégio Vicentino de Cegos Padre Chico, na opinião de Cássia, foi um divisor de águas na jornada da família: “Costumo dizer que o Colégio foi o maior achado de nossas vidas! Quando pisei os pés aqui a primeira vez, até falei que parecia que estava em um sonho (pois desde o primeiro momento tivemos acolhimento inclusivo de verdade). Ao conhecer toda estrutura do Colégio e sua proposta, meus olhos encheram de lágrimas, pois vi que daquele dia em diante Ágatha teria uma educação adequada, desde livros, que são ampliados, cadernos apropriados, até mesmo o cuidado individual de cada professor ao aluno, respeitando e acolhendo cada um, conforme as necessidades específicas individuais”, emociona-se.

Por isso, Cássia recomenda às famílias de crianças com deficiência: “Não desistam dos seus direitos, não desistam de uma educação de qualidade, não deixem de acreditar que vocês são capazes de alcançar seus objetivos”.

Rosane Barros Nascimento e Mizael Conrado de Oliveira, pais do aluno Davi Barros Conrado, 9 anos, também enfrentaram dificuldades na inclusão escolar do estudante: “Davi frequentou outra instituição de ensino anteriormente ao seu ingresso no Colégio Vicentino de Cegos Padre Chico. As dificuldades encontradas foram de ordem significativa: a metodologia pedagógica da instituição anterior não estava devidamente estruturada para atender às demandas específicas de um estudante com deficiência visual, o que resultava em uma participação limitada no processo educacional. O material didático, por sua vez, não era adequado às necessidades de acessibilidade e, mesmo quando disponibilizado, chegava com atraso expressivo, muitas vezes já na metade do ano letivo. Essa situação impactava de forma severa o aprendizado e a inclusão de nosso filho no ambiente escolar”. Eles ressaltam: “O ingresso de Davi no Colégio Vicentino de Cegos Padre Chico trouxe mudanças profundamente positivas para a nossa vida. A Instituição se destaca por oferecer um ambiente completamente estruturado para atender às demandas de alunos com deficiência visual, promovendo um processo de inclusão muito mais eficaz entre as crianças. O material didático disponibilizado é totalmente acessível e fornecido de maneira tempestiva, o que assegura a continuidade e a qualidade do aprendizado. Além disso, o corpo docente é altamente qualificado e preparado para atender cada aluno de forma personalizada, considerando suas necessidades e peculiaridades. Essa estrutura institucional não apenas potencializou o desenvolvimento de Davi, como também trouxe tranquilidade e confiança à nossa família, permitindo que pudéssemos acompanhar seu progresso de maneira mais serena”.

Eles deixam também a seguinte mensagem aos pais: “A inclusão escolar é um elemento essencial para o pleno desenvolvimento de qualquer indivíduo. É fundamental buscar instituições que possuam um compromisso genuíno com a equidade, que valorizem as singularidades de cada aluno e ofereçam as ferramentas necessárias para que ele alcance seu máximo potencial. A experiência com o Colégio Vicentino de Cegos Padre Chico demonstrou que um ambiente devidamente preparado, com recursos pedagógicos adequados e profissionais capacitados, faz toda a diferença na formação acadêmica, social e emocional do estudante. Recomendamos, portanto, que as famílias perseverem na busca por instituições que promovam a inclusão de maneira plena e efetiva, confiando no potencial de seus filhos e oferecendo-lhes o suporte necessário para superar barreiras e alcançar realizações significativas”.

As famílias interessadas em matricular seus filhos (da Educação Infantil até o 9º ano) no Colégio Vicentino de Cegos Padre Chico devem entrar em contato pelo telefone (11) 2271-1717 para agendar uma reunião – oportunidade para o estudante e familiares conhecerem o Colégio e também para a equipe conhecê-los.

História: quase cem anos de pioneirismo na inclusão escolar

A Instituição de ensino nasceu em 1928, a partir de um apelo do Dr. José Pereira Gomes, médico oftalmologista, em uma reunião de comemoração à Semana Oftalmo-Neurológica da Sociedade de Medicina e Cirurgia em São Paulo para que se construísse uma escola para cegos. Sob o nome de Instituto de Cegos Padre Chico (IPC), foi solicitada à Companhia das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo a vinda de Irmãs para a direção da casa. Inspirada pelo espírito de seus fundadores, São Vicente de Paulo e Santa Luísa de Marillac, as Irmãs chegaram com disposição para colocar em prática a caridade criativa e operosa que as caracteriza.

Foto da fachada do Colégio Vicentino de Cegos Padre Chico

Em 1940, data em que se comemorava o centenário do nascimento do Monsenhor Dr. Francisco de Paula Rodrigues, o “Padre Chico”, que deu nome ao Instituto, seus restos mortais foram transladados à Capela de Sant’Ana do IPC. Em 1950, o Instituto recebeu a visita de Helen Keller, palestrante cega-surda mundialmente conhecida; e o curso ginasial dava os seus primeiros passos. Em 1980, foi criado um Centro de Processamento de Dados (CPD), que viria a ser a Sala de Informática, o que conferiu mais estrutura ao Colégio.

A Instituição foi se destacando cada vez mais e tornando-se referência em inclusão: em 2014 passou a ser integrada formalmente à Rede Vicentina de Educação, daí a alteração do nome para Colégio Vicentino de Cegos Padre Chico. “O Colégio decidiu manter o termo “Cegos” em seu nome para preservar a ligação com nossa história e honrar o trabalho realizado ao longo de décadas em prol da educação de pessoas com deficiência visual”, explica Luciana Ruiz, professora de Língua Portuguesa do Colégio. Ela ressalta: “Nosso Colégio está em constante desenvolvimento. Inspirados por São Vicente de Paulo e Santa Luísa de Marillac, toda nossa equipe busca promover o desenvolvimento integral dos alunos, valorizando e apoiando cada um. Entendemos que devemos proporcionar atividades em que os alunos se desenvolvam na parte educacional, esportiva, artística, social e religiosa”. Atualmente alunos com e sem deficiências frequentam o Colégio, compondo, assim, a verdadeira educação inclusiva.

Foto de um aluno encostado em uma mesa mostrando seu trabalho de arte: uma letra V formada por duas mãos unidas

Luciana Ruiz explica ainda que o Colégio Vicentino de Cegos Padre Chico se mantém por meio de doações. “Os benfeitores que queiram apoiar nosso trabalho podem fazer doações por PIX: doacao@padrechico.org.br ou para obter informações sobre como colaborar entre em contato conosco pelo telefone (11) 2271-1717”.

Saiba mais: https://padrechico.org.br/sobre-a-instituicao/

Instagram: @colegiovicentinocegospechico/

Redação Civiam

Entrevistas, histórias reais e conteúdo sobre diversos aspectos ligados às Tecnologias Assistivas e à educação na saúde.

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