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A importância da simulação em ventilação mecânica e anestesia inalatória

Simulador de ventilação mecânica sendo usado em um simulador de paciente

A situação enfrentada pelos profissionais da saúde durante o período de pandemia de Covid-19 nas UTI’s de todo o país foi um exemplo do quanto o despreparo em habilidades de ventilação mecânica e anestesia impactaram na saúde dos pacientes – não só em termos das sequelas da doença, mas também em relação aos óbitos.

Uma primeira pesquisa divulgada em 2021 sobre a mortalidade de pessoas com Covid-19, publicada na revista médica The Lancet Respiratory Medicine, revelou que 78,8% dos pacientes que precisaram de ventilação mecânica invasiva morreram ao longo do segundo semestre de 2020. Entre as conclusões estão a falta de um protocolo nacional que unifique as técnicas utilizadas e o uso de pessoal sem treinamento e experiência adequados.

Para chegar ao percentual foram analisadas 163,2 mil internações e os dados foram obtidos pelo sistema SIVEP-Gripe do Ministério da Saúde, que determina que todos os hospitais comuniquem internações por síndrome respiratória.

De acordo com Carmen Valente Barbas, pneumologista que atende no Hospital das Clínicas e no Albert Einstein, professora da Universidade de São Paulo e referência internacional em ventilação mecânica, em entrevista à BBC News Brasil: “A ventilação de paciente com covid não é fácil, é um pulmão fragilizado. Você precisa ser muito delicado com a máquina, porque ela pode causar barotrauma, que é um trauma associado à pressão do ar injetado nos pulmões”.

Além disso, o supervisor da UTI do Hospital Emílio Ribas, Jaques Sztajnbok, apontou a qualificação falha e o treinamento insuficiente de parte dos médicos no Brasil como um dos principais fatores para a alta taxa de mortalidade de pacientes que precisaram de intubação.

“O cenário visto ao longo dos últimos dois anos por conta da pandemia em relação ao despreparo dos profissionais de saúde acende holofotes também aos estudantes de medicina, que precisam estar mais bem preparados para enfrentar os atendimentos reais, ainda que situações atípicas como aconteceu com a Covid-19. Normalmente, os graduandos chegam às Residências sem o treino necessário em ventilação mecânica e anestesia, uma vez que dificilmente as grades curriculares das instituições de ensino os contemplam e caso o aluno tenha interesse em se aprimorar mais a fundo nessas habilidades, costuma buscar cursos no exterior ou focar em áreas da medicina mais específicas. Mas, como a pandemia nos mostrou, muitos profissionais da saúde foram alocados em UTI’s e tiveram que atuar com diversas rotinas e áreas que não tinham conhecimento. Por isso, um dos aprendizados deixados pela pandemia é que o estudante de medicina estará melhor preparado se tiver o conhecimento, principalmente de situações emergenciais que comprometem as vias respiratórias, como, por exemplo, saber manusear corretamente um equipamento de VM”, explica Paulo Giordano, engenheiro responsável pela área de treinamentos e manutenção e especialista em simuladores de alta fidelidade da Civiam.

Ele ressalta ainda a importância dos profissionais da saúde saberem interpretar corretamente os dados dos equipamentos de VM: “Um profissional que também foi muito exigido na época de pandemia e é até hoje pelas sequelas da Covid-19 e que precisa saber corretamente os parâmetros dos equipamentos de VM para explicar ao médico os ajustes feitos no tratamento do paciente é o fisioterapeuta respiratório. Caso ele não entenda exatamente as informações do equipamento, a saúde do paciente pode ser comprometida”, ressalta o especialista.

Por isso, Giordano enfatiza a importância da capacitação em ventilação mecânica e anestesia em simuladores, como o CAE SimEquip (CAE Healthcare), e que soma ainda ao treino em um desfibrilador (que é opcional e o módulo pode ser solicitado à parte, caso a instituição queira agregar cenários que contemplem a habilidade do uso do equipamento).  

Segundo ele, todas as intercorrências que podem acontecer com um paciente em ventilação mecânica podem ser simuladas de forma realística, como parada cardíaca, queda da saturação, reação alérgica, entre outras. “O cenário dependerá do objetivo da simulação, sendo o principal benefício o treino da operação em um equipamento similar ao real junto ao simulador. E esse foi o gap que aconteceu durante a pandemia pela falta de conhecimento em VM – o intubar e o extubar -, que poderia ter sido amenizado com treinamento dos profissionais da linha de frente em simuladores. É importante ressaltar que esses dois anos muito ensinaram sobre os procedimentos, mas vale lembrar que não devemos descartar a importância do aprimoramento”, explica.

Giordano complementa: “Além disso, o equipamento simula não apenas os procedimentos que envolvem a saúde do paciente, como os de ventilação mecânica e anestesia, mas detalhes importantes que, em situações reais, nem sempre os profissionais se atentam, como um vazamento de gases das tubulações, por exemplo”.

SimEquip, uma ferramenta completa de capacitação

Para o engenheiro, as instituições de ensino que incluírem em suas grades curriculares o treino em simuladores, como o SimEquip, estarão dando um passo à frente em relação às demais e contribuindo com a educação médica no Brasil ao melhor preparar os estudantes para as Residências e, claro, à área da saúde em atendimentos reais.

“Além de ser uma ferramenta de aprendizado acadêmico, o SimEquip pode ser utilizado também na capacitação de profissionais nas instituições de saúde e em cursos extra curriculares”, complementa o especialista.  

Giordano ressalta ainda as habilidades fundamentais que o simulador permite treinar em cenários cirúrgicos: “Falamos muito sobre os últimos anos devido à Covid-19, mas tais treinamentos são fundamentais em todos os casos de cirurgias, que exigem dos profissionais os conhecimentos necessários em anestesia inalatória e, consequentemente, o monitoramento da ventilação. Por isso, o SimEquip se torna uma completa ferramenta educacional de treino em diversos cenários, muitas vezes complexos, que, na maioria das vezes, o estudante só tem contato no dia a dia quando já está atuando profissionalmente, o que pode ser um risco principalmente para o paciente”, enfatiza.

Com o software CAE Maestro, o SimEquip pode ser utilizado com manequins de diferentes marcas, possibilitando as respostas fisiológicas em tempo real em qualquer equipamento por meio de um painel de controle – o que garante um treinamento de alto nível e de forma segura, sem nenhum risco aos pacientes.

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Fonte:

https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2021/03/19/covid-19-80percent-dos-entubados-por-covid-19-morreram-no-brasil-em-2020.ghtml

Redação Civiam

Entrevistas, histórias reais e conteúdo sobre diversos aspectos ligados às Tecnologias Assistivas e à educação na saúde.

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