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Você sabe qual a diferença entre o PODD, PCS e Core Words?

Alessandra Buosi utilizando uma prancha de comunicação alternativa com pictogramas

Falamos muito em Comunicação Suplementar Alternativa (CSA)*, que é o conjunto de recursos de comunicação para pessoas com dificuldades na comunicação oral, mas é comum haver dúvidas sobre os principais recursos envolvidos, bem como entender as diferenças entre as siglas PCS (Picture Communication Symbols), PODD (Pranchas Dinâmicas com Organização Pragmática) e Core Words. Mas, saber as diferenças entre eles e qual o melhor para quem irá utilizá-lo são as principais das indagações relacionadas a esses sistemas.

O PODD  e o Core Words são sistemas robustos mais recentes no nosso país. “O PODD é um livro (quando usado em baixa tecnologia) ou um dispositivo (quando usado em recursos de alta tecnologia) que contém símbolos e palavras que as pessoas usam para se comunicar, numa organização pragmática.  Assim podemos dizer que são várias páginas de pranchas, ou seja, um sistema multinível com símbolos dispostos de modo sistemático, organizados a partir da forma como usamos a linguagem socialmente em uma conversa, ou seja, para fazer pedidos, comentar, narrar, protestar, argumentar e assim por diante, além de facilitar a compreensão”, explica a fonoaudióloga Alessandra Gomes Buosi**, supervisora da Clarear, Mestre em Ciências da Saúde, formadora do método PODD e uma das referências em Modelagem no Brasil.

De acordo com a especialista, o PCS trata-se de uma biblioteca de símbolos para comunicação alternativa. “Isso gera muitas dúvidas e confusão pois vários sistemas de organização e com metodologias específicas podem utilizar o mesmo banco de imagens. No fim, o que diferencia um sistema de outro é a forma de organização desses símbolos, as estratégias de implementação e o embasamento teórico que os sustenta”, esclarece.

Prancha de comunicação alternativa de baixa tecnologia

Alessandra explica que o PODD, assim como o Core Words, é indicado para pessoas com necessidades complexas de comunicação das mais diversas idades e com as mais variadas possibilidades de acesso. “Muitas vezes as pessoas acham que o PODD é complexo, mas nessa hora eu sempre reflito sobre a linguagem, que é complexa. Como estimular algo complexo com poucas imagens?  Como estimular uma ou duas funções de comunicação se usamos a comunicação com muito mais funções do que para obter um item desejado apenas?  Como estimular apenas expressão se a separação entre recepção e expressão é apenas didática? Os estímulos de linguagem têm que acontecer o mais cedo possível e em caso de risco para alteração de fala e linguagem, é preciso pensar em como apresentar a comunicação de modo que favoreça uma outra modalidade de expressão que não a fala, além de promover vias de entrada de informação mais amplas que só a auditiva, pois essa tem uma duração muito rápida e muitas vezes esse tempo é muito curto para que uma pessoa com necessidades complexas de comunicação consiga processá-la. Estimular a linguagem precocemente nesses casos, proporcionando imersão em várias modalidades de comunicação é oferecer ao outro a possibilidade de escolha de qual modalidade é possível e confortável. É, na minha opinião, respeito e dignidade a quem tem alguma dificuldade temporária ou permanente em se expressar pela fala”, diz a especialista.

Confira na tabela abaixo com as principais diferenças entre os três:

Como saber qual escolher?

“Primeiro, o usuário precisa passar por uma avaliação com um fonoaudiólogo que tenha experiência com sistemas robustos de comunicação alternativa para que o profissional possa indicar o melhor sistema e os primeiros passos de sua implementação. Às vezes, algumas famílias tentam começar sozinhas e isso é muito bom, pois sua participação é fundamental em todo o processo. Mas é importante traçar o perfil comunicativo atual da pessoa, seguido de um planejamento de implementação para que o desenvolvimento da linguagem do usuário aconteça. Por isso, a avaliação de um profissional experiente nestes sistemas robustos é fundamental como ponto inicial para quem deseja começar a utilizar a CSA”, explica Alessandra.

E, apesar de parecer que todos têm a mesma finalidade – proporcionar a comunicação alternativa e o direito do usuário se expressar – há diferenças entre eles. “Tanto o PODD quanto o Core Words são considerados sistemas robustos de comunicação e existem algumas diferenças sutis entre eles que, somente com a avaliação fonoaudiológica, é possível saber qual é o mais indicado, de acordo com a necessidade de cada indivíduo. Então, se, por exemplo, a necessidade for maior em funções de linguagem, o mais indicado seria o PODD. Se a necessidade maior for em sintaxe, em estruturar frases, possivelmente eu opte por um processo com um  Core Words com a facilidade de ter o sistema já disponível em alta tecnologia e utilizado com o Snap + Core First (da Tobii Dynavox)”. 

E é por essa complexidade da linguagem que a especialista ressalta que os pais ou responsáveis pela pessoa com necessidades complexas de comunicação busquem profissionais que tenham conhecimentos nos sistemas robustos de comunicação alternativa e também em todos os subsistemas da linguagem e seu desenvolvimento. “Há toda uma hierarquia de desenvolvimento dos subsistemas de linguagem. Primeiro a pragmática, depois a semântica, depois a sintaxe, numa análise didática. O que acontece é que as pessoas que não têm conhecimento adequado do primeiro nível do desenvolvimento pragmático da criança pulam as etapas e focam na sintaxe, estimulando a criança a formar frases, como por exemplo, ‘eu quero biscoito, eu quero banana’. Mas o aprendizado correto é primeiro a criança aprender sílabas, depois palavras, depois duas palavras juntas para, somente então, ela chegar na frase. Nesse sentido, é possível que aprenda também comentar, responder perguntas, dar opinião, protestar e assim por diante”.

A Clarear Fonoaudiologia realiza atendimentos, é especializada em PODD e ministra workshops do método em diversas regiões do país. Como a criadora do PODD, Gayle Porter, não autoriza a realização de workshop introdutório para certificação do método via videoconferência,  a clínica promove apenas turmas presenciais de acordo com as restrições de cada região. Para mais informações das próximas datas, cheque o instagram da instituição: @clarearfonoaudiologia

Alessandra Buosi vestindo camiseta branca olhando para frente, atras tem um tablet com prancha de comunicação alternativa

**Alessandra Gomes Buosi é Fonoaudióloga pela Unesp, Especialista em Voz pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia, Especialista em Motricidade Orofacial pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia, Aprimoramento em Dislexia e Distúrbios de Aprendizagem pelo CEFAC. Com Mestrado em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina do ABC, a especialista tem experiência em CSA com BLISS, PECS, PCS, MAKATON, Core words e PODD. É também Membro associado do ISAAC, Supervisora da clínica Clarear e formadora do método PODD.

*Nota: Há variações em relação à comunicação alternativa. Em algumas regiões, pesquisadores e profissionais utilizam CAA (Comunicação Alternativa e Ampliada), em outras, o termo mais usado é CSA (Comunicação Suplementar Alternativa). Por isso, consideramos todas as variações corretas.

Redação Civiam

Entrevistas, histórias reais e conteúdo sobre diversos aspectos ligados às Tecnologias Assistivas e à educação na saúde.

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