As férias estão chegando ao fim e é hora de planejar a volta às aulas. Segundo a fonoaudióloga Alessandra Buosi, especializada em Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA), especialista na metodologia PODD, mestre em Ciência da Saúde e fundadora da Clarear Fonoaudiologia, o planejamento e a organização são fundamentais, principalmente às pessoas com necessidades complexas de comunicação (NCC), que precisam se ajustar quanto à rotina, seja por conta das aulas, seja por conta das terapias que são retomadas. “Todos nós precisamos de alguma previsibilidade para nos organizarmos. Afinal, imagina se você está de férias hoje e sem ser avisado com antecedência, amanhã acorda e é levado direto para o trabalho? Para as pessoas com NCC não é diferente, elas precisam de uma certa antecipação sobre o que vai acontecer e como vai ser. Usamos então os recursos para fornecer essa previsibilidade, que funcionam como “pistas visuais”, que podem estar em uma agenda, em um quadro de rotinas ou dentro de uma história social, ou seja, uma história simples e objetiva que mostra para a criança que as férias estão acabando, que as aulas vão voltar, lembrar como é a rotina de aulas, entre outros aspectos. Esses materiais devem ser apresentados com antecedência para promover aumento da compreensão”, explica a especialista.
A fonoaudióloga ressalta ainda que uma das formas que os pais ou responsáveis pela pessoa com NCC podem trabalhar em relação à motivação na retomada da rotina é relembrá-las de atividades preferidas que acontecem com frequência, além do reencontro com pessoas queridas como amigos e profissionais. “Caso estejam ainda desmotivadas no retorno às aulas e às terapias, uma sugestão é também recordar sobre as pequenas pausas que acontecem até as próximas férias como os feriados e finais de semana, o que ajuda na compreensão da retomada da rotina também”, salienta.
No caso de pessoas que iniciarão em nova escola ou nova clínica, Alessandra sugere: “Acredito que para ingressar em um novo espaço, além das estratégias já citadas que ajudam promover maior organização e reduzir qualquer sensação desagradável por estar em um ambiente ainda desconhecido, os pais/responsáveis podem levá-las para visitar o espaço dias antes e fazer uma adaptação gradual em termos de tempo de permanência, além de ter a presença de alguém familiar como um acompanhante terapêutico (AT) ou cuidador nos primeiros dias pode trazer mais segurança à pessoa com NCC nessa fase de adaptação”.
A especialista destaca também a importância da manutenção em casa dos estímulos em relação à comunicação, mesmo com a volta às terapias: “Em se tratando especificamente da minha área de atuação, que diz respeito a estimular o desenvolvimento de linguagem e comunicação, é fundamental manter os estímulos na rotina familiar. A comunicação acontece a todo momento e quanto mais simbólica, maior a eficiência da mesma. Para as crianças com NCC, precisamos ter em mente que a terapia é um ponto de partida, mas o desenvolvimento realmente acontece nas atividades reais do dia a dia. É quando uma criança está recebendo ajuda para resolver seus desafios comunicativos, tanto para se expressar, quanto para compreender os outros, que a linguagem se desenvolve e as habilidades comunicativas se tornam sólidas e podem ser reproduzidas em novas situações do seu cotidiano”, explica Alessandra.
A fonoaudióloga ressalta ainda que é preciso que haja um alinhamento com os profissionais que atendem a criança para que os estímulos sejam feitos de forma assertiva, ao invés de sobrecarregá-la: “É sempre muito importante seguir as orientações dos terapeutas e lembrar que a estimulação deve acompanhar todo o desenvolvimento/crescimento da criança, portanto deve ser sustentável. Nesse sentido, os terapeutas podem ajudar a integrar nas atividades do cotidiano estratégias que favoreçam o desenvolvimento de modo mais autônomo e independente possível. Não se trata de focar por 30 minutos ou uma hora por dia para reproduzir atividades realizadas nas terapias. O desafio consiste em incorporar o estímulo e habilidades na rotina”, destaca.
A fonoaudióloga Alessandra Buosi, especializada em CAA, formadora do método PODD e mestre em Ciência da Saúde, ministrará, o curso “Por onde começar com a CAA”, juntamente com a linguista e consultora em tecnologia assistiva e CAA Renata Bonotto, e em parceria com o Comunicatea. Será no dia 12/8 pela plataforma Zoom (ao vivo), das 9h às 17h. Confira a programação:
De 9h às 12h30h, com Renata Bonotto
*Conceitos e informações para começar bem*
– O que é Comunicação Aumentativa e Alternativa?
– Comunicação Multimodal
– Presumir potencial e a suposição menos perigosa
– Comunicação como direito
– Comunicação como acessibilidade
– Barreiras para a comunicação
– Mitos sobre a Comunicação Aumentativa e Alternativa
– Entendendo quando e por que a CAA é necessária
*Avaliação da comunicação*
– Funções comunicativas
– Acompanhamento do desenvolvimento da comunicação e da linguagem
– Ferramentas de avaliação (Matriz de Comunicação e Perfil Pragmático)
*Sistemas de comunicação*
– Possibilidades com baixa e alta tecnologia
– Formas de organização
– Ferramentas e recursos disponíveis pelo ComunicaTEA
De 13:30h às 17:00h, com Alessandra Buosi
*Planejamento*
– Usando as informações da avaliação para montar o planejamento.
– Personalização do recurso de Comunicação Aumentativa e Alternativa
– Escolha de vocabulário
– Escolha do instrumento: recursos de baixa e alta tecnologia
*Implementação*
– Treinamento de equipe e de parceiros de comunicação
– Empoderamento familiar para implementação
– Como começar mesmo sem orientação de um profissional
– Engenharia do ambiente (preparar o ambiente e ter o recurso disponível)
– Terapia com a criança (uso expressivo x hierarquia de dicas)
– Importância da reavaliação
Inscrições e informações: instagram do Comunicatea: @comunicatea_pais/