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Semana da Dislexia 2024 enfatiza o papel fundamental que os professores têm na vida de pessoas disléxicas

Imagem gráfica com o logo da semana da dislexia 2024: Um mapa do Brasil com uma fita azul e laranja e um chapéu de formando no topo. Abaixo o texto com o tema: Construindo laços com professores

De 7 a 13 de outubro, acontece a Semana da Dislexia 2024, um evento mundial, conhecido em inglês como Dyslexia Awareness Week, que tem o objetivo de conscientizar a população sobre a importância do diagnóstico precoce da dislexia, os direitos das pessoas disléxicas, além de estratégias para melhorar a qualidade de vida de quem convive com o transtorno.  

No Brasil, o Instituto ABCD (iABCD), uma organização social sem fins lucrativos que tem o intuito de disseminar conhecimentos acerca da dislexia, e o Grupo Nacional Mães do Brasil estão à frente da 14⁠ª edição da Semana da Dislexia, que traz neste ano o tema “Construindo laços com professores”. “Queremos enfatizar o papel fundamental que os professores têm na vida de pessoas com dislexia. São os educadores em sua nobre função de ensinar que identificam os primeiros sinais, realizam o encaminhamento para o diagnóstico e acolhem esses alunos em sala de aula, com a missão de garantir a aprendizagem e inclusão. Devido a toda essa relevância, na campanha 2024 teremos os professores como protagonistas na Semana de Conscientização da Dislexia”, salienta a fonoaudióloga e Diretora Presidente do Instituto ABCD, Juliana Postigo Amorina Borges.

Segundo o Instituto ABCD, a dislexia é um Transtorno Específico da Aprendizagem (TEAp), sendo as características mais comuns as dificuldades no reconhecimento preciso e fluente de palavras, na decodificação e na ortografia. Há diferentes graus, descritos como leve, moderado e severo, a depender da severidade das dificuldades apresentadas pelo indivíduo.

A abertura oficial da Semana da Dislexia 2024 aconteceu durante o lançamento do relatório “Atualização do perfil do transtorno específico de aprendizagem (TEAp) no Brasil: Mudanças a partir da aprovação da Lei nº 14.254/21”, apresentado no dia 5 de outubro pelas pesquisadoras do iABCD, Dra Ana Luiza Navas e Me. Taís Ciboto, juntamente com o Grupo Mães do Brasil. 

A legislação abordada no relatório dispõe sobre o acompanhamento integral para educandos com dislexia ou Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) ou outro transtorno de aprendizagem. 

As pesquisadoras relataram ser preocupante o fato de que, no Brasil, cerca de 44% dos alunos não conseguem alcançar um  nível de desempenho satisfatório de leitura e escrita no final da etapa de alfabetização (Brasil, 2023). Segundo a atualização do perfil do TEAp: “na visão da maioria dos pesquisadores: TEAp com prejuízo na leitura (dislexia) pode ser entendido como um conjunto de dificuldades de processamento que afeta de forma persistente a leitura e escrita, apesar de oportunidades e instruções adequadas”.

Para a consolidação do relatório foi realizada uma pesquisa a partir de questionários respondidos por 333 pessoas, sendo 209 familiares de crianças e jovens com TEAp, de 102 municípios e 19 estados; e 124 profissionais de educação e professores de 97 municípios e 17 estados. Um dos principais pontos abordados pelos participantes é no diagnóstico tardio (40% dos entrevistados receberam o diagnóstico entre 8 e 9 anos; 29% foram diagnosticados após os 12 anos), além dos altos custos: a maior parte das famílias precisou pagar acima de R$ 3 mil pela avaliação do TEAp. O relatório abordou ainda diversos outros aspectos que envolvem a pessoa com dislexia, como os impactos emocionais, o uso de recursos tecnológicos para melhorar a qualidade de vida dessas pessoas, e a aplicação da Lei 14.254/21 nas escolas. Segundo a ótica dos professores e educadores participantes da pesquisa, 71% acreditam não perceber a aplicação na prática da legislação.

O evento contou ainda com a participação do Defensor Público Fabricio Pereira Quintanilha da Silva, do Núcleo Especializado de Infância e Juventude (NEIJ), órgão interno da Defensoria Pública do Estado de São Paulo. Silva orientou as famílias acerca dos direitos das pessoas com dislexia e como proceder quando estes não são respeitados pelas escolas, mesmo quando não há recursos financeiros para a contratação de advogados. 

Na ocasião, o Instituto ABCD lançou também a “Cartilha: Direitos das crianças e adolescentes com Transtorno Específico da Aprendizagem (Dislexia) ou TDAH” para que as famílias tenham acesso à informação e conheçam seus direitos. O download da cartilha, bem como do relatório de atualização do perfil do TEAp, é gratuito: https://www.semanadadislexia.com/#materiais

Sobre o Instituto ABCD

O Instituto ABCD surgiu em 2009 e tem como uma das suas frentes a atuação em parceria com gestores públicos, educadores, pesquisadores, universidades e outras organizações para construir políticas e práticas educacionais que proporcionem a aprendizagem nas salas de aula de todo Brasil de pessoas com dislexia.

Além disso, tem como missão garantir às pessoas com Transtorno Específico de Aprendizagem o acesso a informações e ferramentas para desenvolver as competências acadêmicas, sociais e emocionais necessárias para prosperar na escola, no trabalho e na vida.
Saiba mais: www.institutoabcd.org.br

Redação Civiam

Entrevistas, histórias reais e conteúdo sobre diversos aspectos ligados às Tecnologias Assistivas e à educação na saúde.

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