O Dia Internacional do Brincar é comemorado no dia 28 de maio e tem o objetivo de sensibilizar a sociedade sobre a importância do brincar na infância. Por isso, durante toda a semana, são propostas atividades em diversas instituições em prol do brincar que envolvam crianças, familiares e educadores.
Em celebração à data, a Ritmos do Coração, uma organização sem fins lucrativos que tem o objetivo de levar a inclusão por meio de atividades de arte e cultura, promoverá a Oficina de Brinquedos com brincadeiras para famílias atípicas. A atividade será no dia 25/5, é gratuita e celebrará também os nove anos de existência da iniciativa, voltada ao brincar inclusivo. “É importante a conscientização sobre a importância do brincar, que contribui de forma lúdica ao desenvolvimento de crianças, atípicas ou não, e suas famílias”, salienta Viviane Rose Fowler, presidente da ONG Ritmos do Coração.
Além da oficina, a instituição oferece o projeto “Vem Brincar Também”: “Trata-se de uma iniciativa que vem sendo realizada desde 2015 e compreende o brincar como a principal linguagem e manifestação da infância e, por isso, tem como objetivo oferecer às crianças com e sem deficiência atividades onde a brincadeira, a imaginação e a arte se entrelaçam, favorecendo momentos de diversão e descobertas, ampliando seu repertório cultural, respeitando a diversidade e as diferenças e reconhecendo o potencial criador de cada uma delas”, destaca.
E, mais recentemente, a ONG lançou o projeto “Lugar de Brincar” (para crianças de 03 a 12 anos e famílias e acontece aos segundos sábados do mês), que visa o protagonismo e o empoderamento de mães que cuidam de seus filhos sem a presença ou ajuda paterna da criança, por meio de uma remuneração, caso aceitem o convite para fazerem parte da equipe de coordenação. “O relato de uma das mães foi bastante significativo com relação à necessidade de poderem trabalhar e serem reconhecidas e, por isso, compartilho: ‘Tenho 47 anos, sou mãe de um autista e com pouca rede de apoio. Ninguém busca contratar alguém do meu perfil familiar, mesmo eu tendo muito conhecimento, capacidade e necessidade de ser útil.É um desabafo, uma vez que nosso evento lida com famílias, que algumas vezes, têm apenas uma fonte de renda dos responsáveis e, devido ao benefício do INSS, precisam viver de forma a se privar de um outro emprego para não perder esta fonte de renda, ou seja, além de vulneráveis, precisamos nos declarar miseráveis’”.
Além das atividades voltadas ao brincar, a ONG Ritmos do Coração promove diversas outras ações, como o projeto Sarau para Todos (em execução desde 2015), que visa contribuir efetivamente para a transformação social necessária à inclusão das pessoas com deficiência no campo artístico e cultural como artistas, produtores, gestores, entre outros. “Fomos contemplados no edital Lei Paulo Gustavo Municipal (2021) da Secretaria Municipal da Cultura e selecionados no edital de prêmio LPG Municipal (2024). Ainda, para a execução do projeto foram firmadas parcerias com quatro Centros Integrados de Educação de Jovens e Adultos (CIEJAs) – Butantã, Itaquera, Freguesia do Ó e Campo Limpo. Realizamos também diversas Oficinas Criativas, que abrangem linguagens de arte, como música, dança, teatro, circo, e visam desenvolver capacidades, aprimorar as já existentes e reconhecer talentos”, explica Viviane.
A ONG mantém ainda o Núcleo de Pesquisa e Formação Artística e Cultural Ritmos do Coração, aprovado na Lei Rouanet em 2023, e hoje busca empresas interessadas em patrocinar o projeto que irá beneficiar 100 jovens de 18 a 29 anos com diferentes formações artísticas, durante um ano.
Para o âmbito corporativo, a instituição realiza palestras e eventos: “O objetivo é sensibilizar funcionários e lideranças através de dinâmicas planejadas e conduzidas por pessoas com e sem deficiência, com representatividade ativa, no contexto da diversidade, aptos a oferecer uma experiência diferenciada e marcante, gerando oportunidades de inovações na comunicação e melhoria nas práticas e relacionamentos com diferentes públicos”, ressalta.
Viviane enfatiza os propósitos da Ritmos do Coração: “Trabalhar em prol do protagonismo e da emancipação das pessoas com deficiência, defendendo o seu direito de ter voz ativa e uma vida plena, promover ações e oportunidades para que as pessoas com deficiência sejam protagonistas na construção de sua história, tendo autonomia para se organizarem e pautarem as suas reivindicações e efetivamente transformarem a sua realidade; promover a convivência pacífica e solidária, com valores a partir da essência, potencializando e qualificando as relações entre as pessoas”.
Comunicação Alternativa
A Civiam disponibilizou à Ritmos do Coração uma licença do Boardmaker 7, um software de Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA), que traz diversas atividades prontas e tem o objetivo de facilitar a vida de terapeutas, professores e famílias na confecção de forma fácil e rápida de materiais de comunicação alternativa.
Em parceria com um grupo de voluntários da instituição Atados, Viviane conta que foi criado um projeto voltado ao desenvolvimento de protótipos de brinquedos adaptados. Foram elaborados três protótipos, sendo um brinquedo sonoro-musical para crianças autistas; um jogo de trilha e um jogo sensorial para crianças com deficiência visual e baixa visão. “O brinquedo sonoro-musical é acompanhado de livros infantis com sete histórias ilustradas com pictogramas e, com a licença, poderemos dar continuidade na adaptação de mais outros livros”, salienta.
Além disso, com o Boardmaker 7, a presidente da ONG conta que serão produzidos materiais de apoio às oficinas, possibilitando ampliar o acesso à informação às crianças e contribuindo com o seu aprendizado.
História: como surgiu a Ritmos do Coração
Viviane Rose Fowler sempre se interessou pelas causas humanitárias e concluiu a graduação em jornalismo e relações públicas com a intenção de contribuir, por meio da comunicação social, para a promoção dos direitos humanos. Em 1998 e 1999, atuando como assessora de imprensa freelance, coordenou a divulgação do torneio de natação “Somos Iguais”, organizado pelo Ciedef (Centro de Integração Esportiva para o Deficiente Físico), em parceria com a Saga Natação, realizado no Conjunto Desportivo Constâncio Vaz Guimarães, em São Paulo. “Na ocasião, tive oportunidade de conhecer a trajetória de alguns atletas paraolímpicos e jovens nadadores com deficiência que participaram dos eventos juntamente com atletas sem deficiência. Essa convivência possibilitou ampliar meu entendimento sobre os grandes desafios enfrentados por essa parcela da população e, a partir daí, direcionei meus esforços na defesa dos direitos das pessoas com deficiência e em favor de sua inclusão na sociedade. O impacto gerado a partir do reconhecimento da urgente necessidade da construção de novos modelos de convivência calcados na cooperação, equidade e liberdade provocou mudanças significativas em minha vida, tanto no aspecto pessoal quanto profissional”, salienta.
Em 2001, Viviane iniciou a graduação em musicoterapia e, a partir de 2005, passou a atuar em instituições de educação especial, escolas de educação inclusiva, espaços de convivência e clínicas de reabilitação, realizando atividades musicais e incentivando, por meio das artes e da cultura, a inclusão social e cultural, a cidadania, a qualidade de vida e o bem estar de crianças, jovens, adultos e idosos com deficiências diversas, além da convivência recíproca e saudável entre as pessoas.
E, então, uma resposta vinda como inspiração a uma pergunta feita a si mesma, fez Viviane ter a certeza de seu propósito na vida, fundando a Ritmos do Coração: “Por que não existir em vários locais iniciativas como as que eu estava desenvolvendo na Associação Beneficente Guainumbi (instituição para pessoas com deficiências diversas localizadas no Jardim Aracati-SP)? A resposta veio de forma instantânea em minha mente, com a descrição detalhada de como o trabalho deveria ser realizado e até mesmo o nome Ritmos do Coração. A vontade aliada ao sentimento de responsabilidade de tornar real essa visão foi o que me motivou a gestar a ideia durante três anos. Gradativamente, outras pessoas contagiaram-se com a proposta e um grupo de profissionais das áreas da saúde, da educação e das artes começou a se organizar no intuito de concretizar os ideais da ONG. No início de 2009, o grupo de iniciativa participou de um Programa de Desenvolvimento Organizacional conduzido, voluntariamente, pela consultora Sandra Quinteiro, do Instituto Ecosocial e, no dia 29 de novembro de 2009, a Ritmos do Coração foi fundada”.
Segundo ela, a maioria dos projetos são mantidos por meio de editais públicos/ privados e parcerias com instituições educacionais, assistenciais ou empresas.
Ao longo desses quase 15 anos de fundação, já participaram das atividades da Ritmos do Coração aproximadamente 11.350 pessoas com diferentes tipos de deficiência. Atualmente dezoito pessoas atuam na ONG, sendo cinco de forma voluntária e 90 pessoas com deficiência estão cadastradas. Os interessados em participar dos projetos poderão realizar as inscrições, periodicamente, através de formulários disponibilizados nas redes sociais e outros meios de divulgação, como e-mail marketing para instituições parceiras e beneficiários cadastrados na lista de contatos da entidade; além de grupos de transmissão de Whatsapp, cartazetes dispostos em murais em UBSs, CERs e em escolas públicas.
A Ritmos do Coração conta com diversos parceiros nos setores social, educacional, privado e público, como apoio institucional na realização das ações culturais da Secretaria de Estado os Direitos da Pessoa com Deficiência, Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência, Secretaria Municipal da Cultura, Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa, Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente.
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