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Música na prática para pessoas cegas – entrevista com o professor de música da Perkins

Traduzido de: http://www.perkins.org/stories/magazine/qanda-making-music-at-perkins

Uma conversa com Arnie Harris, que há 3 décadas é professor de música na Perkins School for the Blind. Neste entrevista publicada originalmente pela Perkins, ele conta sobre o que já ensinou e aprendeu nos últimos 30 anos
por: Karen Shih

Qual o seu método para ensinar música?
Eu nunca senti nenhuma diferença ao ensinar aqui ou nas outras escolas. Música é algo muito importante para estes alunos. Eles ouvem música o tempo todo. Para mim, é um estímulo intelectual, e acho que é o mesmo para eles. Eu ensino as músicas aos coros por hábito (memorização) e uso impressos em braille das letras como um reforço. Com instrumentos, que podem variar da flauta à bateria e à guitarra de cordas de aço – o desafio é onde colocar os dedos e mãos. Eu uso bastante o velcro para direcionar os alunos.

O professor de música Arnie Harris

Porque é importante para os alunos da Perkins fazer parcerias com grupos de fora?
Música é tocar com outras pessoas. Nossos coros e orquestras têm colaborações ativas e longas com muitos grupos locais de adultos, que participam de concertos com a Cambridge Symphony Orchestra; com a Chorus Pro Musica; Emmanuel Music; Vocal Revolution e o grupo Revels. É uma ótima experiência para nossos alunos tocarem com todos estes músicos diferentes e excelentes. Eu também levo nosso coro de câmara a algum colégio local todos os anos. Nossos alunos estão o mesmo nível de habilidade dos alunos de colegial de escolas públicas, o que é ótimo para nossos alunos – e os alunos de lá.

O que você aprendeu com seus alunos no decorrer dos anos?
Eu tinha um aluno que queria tocar violino mas suas mãos não conseguiam fazer isso. Ele voltou sozinho um dia e disse: “Eu gostaria de tocar o QChord” (sistema eletrônico que reproduz sons de instrumentos de cordas, com ritmos pré-estabelecidos a selecionar e outras funções). Eu nunca tinha ouvido falar disso! Ele mesmo comprou e trouxe um. Tem botões e você pode tocar junto com um trackpad, o que proporciona a alunos que não conseguem manipular cordas uma chance para tocar estes instrumentos. Depois de um tempo, ele ainda queria tocar um violino. E sua mão direita podia empurrar as cordas para baixo e ele conseguia usar o arco com a mão esquerda (o oposto do uso tradicional), então que troquei a ordem das cordas. Agora ele está em nossa orquestra.

Qual a melhor parte de trabalhar na Perkins?
É um grande prazer ensinar música aqui. Além de ensinar todas estas pessoas talentosas e interessadas, trabalhar em colaboração com os outros professores no Secondary Program: Jennie O’Brien, Vera Dumova e John Buchanan, é a melhor parte. Para conseguirmos uma boa performance, precisamos do apoio de muitas pessoas: a administração, outros professores, famílias, pais e mães.

Obs.: Muitos músicos de reconhecimento nacional e mundial são pessoas com algum tipo de deficiência. É claro que nenhuma destas características pode impedir a manifestação artística.

Redação Civiam

Entrevistas, histórias reais e conteúdo sobre diversos aspectos ligados às Tecnologias Assistivas e à educação na saúde.

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