
Promover mais autonomia, inclusão social e melhorar a qualidade de vida de pessoas com mobilidade reduzida são os principais objetivos dos métodos de acesso, que compreendem uma gama de recursos e estratégias de Tecnologia Assistiva para que pessoas com mobilidade reduzida utilizem seus dispositivos – computadores, tablets, celulares, equipamentos eletrônicos, brinquedos e até mesmo a automação residencial – como qualquer pessoa.
“Podemos dizer que o método de acesso é o recurso de suma importância ao viabilizar a interação, de maneira autônoma e funcional, entre a pessoa com deficiência e o computador, tablet e/ou smartphone por exemplo”, diz a Terapeuta Ocupacional, Rayssa Béder.
Dependendo da limitação de movimentos, algumas pessoas não conseguem mexer em um mouse, muito menos a fazer o clique direito e esquerdo nele da maneira como estamos acostumados a fazer, ou usar um teclado tradicional. Mas, hoje em dia, isso não quer dizer que elas não poderão usar um computador, tablet ou até mesmo o celular. Já existem diversos tipos de métodos de acesso alternativo disponíveis no mercado que melhoram a qualidade de vida dessas pessoas, como, por exemplo: teclados e mouses adaptados, mouse ocular, acionadores, ponteiras, entre outros. “Dentre os exemplos citados, é válido pontuar que os acionadores caracterizam-se como artefatos que têm a finalidade de, como o próprio nome sugere, acionar um sistema ou equipamento e os mouses adaptados que servem para o controle. Esta categoria de Tecnologia Assistiva divide-se em diferentes tipos e podem ser utilizados com o movimento das mãos, dos pés, da cabeça ou outra parte do corpo, a depender da movimentação voluntária do usuário. São exemplos: acionadores por pressão, por sopro, mordida, pelos pés, por sensor de movimento, por agitação, por som, mouses por controle ocular, além dos joysticks adaptados, entre outros. Ou seja, são recursos que ressaltam as infinitas possibilidades de acesso aos dispositivos que o usuário mais usa para se comunicar, trabalhar, estudar e se divertir, transpondo as barreiras causadas pelas limitações ambientais”, salienta a especialista.

Além disso, hoje, com o avanço da tecnologia, há métodos que, além de permitirem o acesso, servem como recursos lúdicos que tornam a acessibilidade ainda mais divertida, como o dispositivo Cosmo Switch, que acende em uma variedade de cores, tornando-o muito envolvente e fornecendo feedback visual a cada toque. Confira: https://tecnologiaassistiva.civiam.com.br/produto/cosmo-switch/
A tecnologia assistiva no propósito de empresas que surgiram por histórias pessoais
Pensando em facilitar a ponte entre as pessoas com necessidades específicas no Brasil e os recursos tecnológicos que existem no mundo, é que a Civiam tornou-se parceira da Qinera (BJ Live!), uma empresa espanhola que desenvolve recursos de tecnologia assistiva e que surgiu a partir de um propósito pessoal: um dos fundadores, Joaquín Romero, foi diagnosticado em 1990 com esclerose múltipla. Desde então, os irmãos Borja e Joaquín Romero (siglas do nome da empresa, fundada em 2002), que tinham formação e conhecimentos em arquitetura técnica e engenharia de telecomunicações e entendendo que a doença levaria a uma deterioração gradual da mobilidade de Joaquín, iniciaram o seu primeiro projeto: adaptar a casa para prolongar a sua autonomia, independência e qualidade de vida com a TA.
A partir desta primeira experiência, Borja e Joaquín criaram o seu plano de negócios para a concepção, fabricação e distribuição de soluções de tecnologia assistiva destinadas a melhorar a autonomia pessoal de pessoas com qualquer tipo de deficiência. Os produtos inicialmente desenhados e fabricados para Joaquín, logo ficaram disponíveis para um grande número de usuários em situação semelhante. “A tecnologia ajudou a melhorar minha vida. Nossa esperança é que isso possa ajudar muito mais pessoas”, diz Joaquín.
E uma das diversas tecnologias desenvolvidas pelos irmãos Borja e Joaquín é o joystick BJOY Ring, um acionador projetado para melhorar a autonomia de Joaquín no uso da cadeira de rodas, transformando-a em um mouse ao permitir – apenas com o recurso – o acesso a todos os dispositivos do usuário. Confira o vídeo abaixo:
Outra parceira da Civiam é a GlassOuse Assistive Device, que também surgiu a partir de uma reflexão de um dos fundadores e CEO da empresa, Mehmet Turker, quando, em 2016, um amigo próximo, Carner Cem Mati, sofreu uma lesão grave durante um mergulho em alto mar que resultou em paralisia de todo o corpo abaixo da cabeça: “Como uma pessoa com deficiência sem membros ou problemas de mobilidade opera seus smartphones, tablets e computadores?”.
A ideia era criar um dispositivo para seu amigo que lhe permitisse usar seu telefone e computador, assim como todo mundo. Ele passou a projetar GlassOuse V1.1 – um mouse de cabeça sem fio, que permitiria Carner usar telefones celulares e computadores simplesmente por meio de movimentos de cabeça e cliques de mordida. Desde então, a GlassOuse comercializa mundialmente o mouse, além de diversos outros recursos, embasada no objetivo de desenvolver tecnologias para ajudar pessoas com deficiência física e mobilidade limitada a acessar tecnologia básica como todas as outras pessoas.
Mas, como saber qual o melhor método de acesso?
Segundo a Terapeuta Ocupacional Rayssa Béder: “Antes de pensar no método de acesso propriamente dito, é super importante que o profissional e a família compreendam a pessoa com deficiência para além do diagnóstico e das limitações funcionais que possam estar associadas ao quadro geral do usuário. Pensar em acessibilidade é sempre pensar em protagonismo para a pessoa com deficiência”, destaca a especialista.
De acordo com ela, para escolher o método de acesso mais eficiente, torna-se necessária uma avaliação intermediada pelo Terapeuta Ocupacional, profissional habilitado para prescrição e treino de uso de Tecnologias Assistivas. Rayssa cita alguns pontos importantes que precisam ser pensados neste processo:
- Interesse do usuário pelo uso da tecnologia;
- Finalidade de uso do método de acesso, por exemplo: para atividades educacionais, laborais e/ou favorecer a comunicação;
- Estruturas e funções do corpo com movimentação voluntária e aspectos cognitivos para compreensão de uso do recurso;
- Priorizar o usuário e suas inquietações em relação ao método de acesso selecionado – é essencial que este sinta-se confortável e seguro em relação à Tecnologia Assistiva.
“Um ponto extremamente importante após avaliação e seleção dos recursos é que, além do usuário, a família, toda equipe de reabilitação, comunidade escolar e contextos de trabalho também precisam ser alcançados por ações que tenham como objetivo principal as orientações de uso e principais objetivos das Tecnologias Assistivas selecionadas, diminuindo assim barreiras atitudinais por falta de informação e potencializando o uso dos recursos. Uma boa dica é adotar, por exemplo, um guia de orientações relacionadas ao uso do método de acesso escolhido, de modo que estas informações estejam disponíveis nos diferentes contextos que a pessoa com deficiência frequenta. Em paralelo, ações de formação para equipe de reabilitação e família com vivências práticas relacionadas ao uso dos métodos de acesso apresentam-se como uma estratégia eficaz para familiarização com os recursos, assim como maior compreensão em relação ao seu uso”, destaca a especialista.
Um exemplo de como os métodos de acesso ajudam até mesmo na diversão, compartilhamos o caso da Mariana, 7 anos, que tem Atrofia Muscular Espinhal (AME), e utiliza diversos acionadores e controles adaptados para jogar Xbox. Confira no vídeo, publicado em seu Instagram, que mostra a pequena se divertindo:
https://www.instagram.com/p/CkWC12jD4tW/
Para saber mais sobre os métodos de acesso, acesse nosso site ou entre em contato com nossa equipe: contato@civiam.com.br