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A importância da psicoterapia às pessoas com deficiência e familiares

Foto de uma psicologa mostrando uma prancha de comunicação alternativa com os sentimentos a uma criança, e ela está apontando para figura que está com sono.

Nos dias de hoje, em que falar sobre saúde mental se tornou tão urgente, a psicologia se mostra como uma ferramenta essencial – cuidar da mente é tão importante quanto cuidar do corpo, afinal, quando estamos bem com nós mesmos, somos capazes de viver com mais equilíbrio, propósito e plenitude.

Para pessoas com deficiência e seus familiares, enfrentar o capacitismo, a falta de acessibilidade e inclusão é um dos maiores desafios do dia a dia. Por isso, nesse contexto, a psicologia exerce um papel fundamental ao ajudar a enxergar e valorizar as potencialidades da pessoa, ao invés de restringir o olhar às suas limitações, além de oferecer suporte para lidar com as barreiras atitudinais da sociedade. No entanto, apesar de fundamental, o atendimento psicológico a pessoas com deficiência nem sempre é tão valorizado quanto às demais terapias (fonoaudiologia, terapia ocupacional, entre outras).

“A psicoterapia pode atuar em duas vertentes numa família atípica, tanto com a pessoa com deficiência, quanto com a sua família. O principal benefício é o reconhecimento e a valorização das qualidades e capacidades da pessoa, o entendimento de que a deficiência é parte de algo muito maior, que é a pessoa. Além disso, a psicoterapia ajuda também nos desafios negativos que a deficiência traz e como lidar com tudo isso”, salienta Natasha Bartowsky Baccan, psicóloga e uma das sócias da Pilar Terapias Integradas.

Vanessa Gouveia, fonoaudióloga, especialista em Psicomotricidade, Bobath Pediátrico e Baby Comunicação Alternativa, também à frente da Pilar Terapias Integradas, reforça a importância da psicologia também aos familiares da pessoa com deficiência: “A deficiência é algo que não foi planejado ou idealizado pela família, então geralmente é desafiador de lidar emocionalmente. A atuação do psicólogo junto aos familiares é fundamental logo que a família recebe o diagnóstico, pois todos precisarão estar emocionalmente equilibrados para lidar com os desafios que a deficiência vai trazer”.

Natasha complementa: “A família deve entender que todos precisam estar bem para apoiar o indivíduo a ser o que ele é capaz de ser. Na prática clínica, as famílias frequentemente subestimam as capacidades do sujeito ou então superestimam – duas situações que deixam a pessoa com deficiência frustrada ou com pouca motivação para se desafiar”. 

Vanessa destaca também a importância de um ambiente saudável emocionalmente, que, segundo ela, é caracterizado por “um ambiente onde o diálogo esteja sempre presente, onde a pessoa seja vista como indivíduo pertencente à família”. 

Case: a psicoterapia no cotidiano

A psicóloga cita a importância da psicoterapia ao mencionar um atendimento a uma criança de 8 anos, com paralisia cerebral, não oralizada, que faz uso de comunicação alternativa: “Os pais estavam vivendo uma separação recente. Um dia, a criança comunicou que não ia na casa do pai porque ele estava morando com a namorada –  fato que não era verdade, mas que ela acreditava ser por uma conclusão equivocada que ela mesma havia tirado a partir de uma conversa que tinha ouvido. Então, fizemos todo um trabalho para que ela pudesse compreender que o pai a ama e que não tinha ninguém morando com ele. Também fizemos um trabalho com a família para criar estratégias e falas que reforcem o amor por ela e o quanto é necessário conversar e ouvir o que ela tem a comunicar para que um mal-entendido como esse não ocorra novamente. Por isso, proponho a reflexão: e se ela não estivesse em psicoterapia, como ficaria o emocional dessa criança sem o esclarecimento desse mal-entendido, que poderia se tornar uma bola de neve de sentimentos negativos, como frustração, sentimento de rejeição e abandono pelo pai, entre outros?”, salienta Natasha.

Por isso, Natasha afirma: “O psicólogo é o profissional capaz de ajudar nas dores, nos desafios e na construção de uma autoestima frente à deficiência, colocando luz nas potencialidades que vão muito além das capacidades cognitivas e motoras e que indicam quem é o indivíduo, bem como o seu papel no mundo”.

Confira:

https://www.instagram.com/pilarterapiasintegradas

Redação Civiam

Entrevistas, histórias reais e conteúdo sobre diversos aspectos ligados às Tecnologias Assistivas e à educação na saúde.

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