
Neste Dia Mundial do Braille, comemorado hoje, 4 de janeiro, gostaríamos de ressaltar a importância do principal instituto no ensino do Braille no país: o Instituto Benjamin Constant (IBC), primeira escola de cegos do Brasil, fundada em 1854. O IBC é uma instituição federal da administração direta, ligada diretamente ao gabinete do ministro da Educação e especializada na educação e atendimento de pessoas cegas e com baixa visão. O público atendido pelo IBC é formado por pessoas de todas as idades: de recém-nascidos, passando por todas as etapas da educação básica (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio profissionalizante). Desde 2019 a instituição oferece o Mestrado Profissional em Ensino na Temática da Deficiência Visual — o primeiro curso stricto sensu na área da América Latina.
Além da educação formal, o IBC também promove a reinserção social das pessoas que perderam ou estão em processo irreversível de perda da visão — acompanhando-as e orientando-as para que reconquistem a autonomia na condição de pessoas com deficiência visual na sociedade em geral e no mundo do trabalho em particular.
Vale destacar que todo o conhecimento do IBC ao longo de quase 200 anos de existência na educação de pessoas com deficiência visual, é colocado à disposição da sociedade gratuitamente. Da Imprensa Braille saem os livros e revistas editados e impressos em braille e em tinta ampliada para pessoas cegas e com baixa visão do Brasil e de outros países de língua portuguesa. Além disso, o IBC faz adaptação de materiais para o Braille, como, por exemplo, o álbum de figurinhas da Copa, que o Instituto disponibilizou aos cegos no ano passado. “Além da adaptação de textos para o Sistema Braille, adaptamos materiais didáticos, como, por exemplo, mapa, tabela periódica, esquema de uma célula, simbolização matemática entre outros, que são distribuídos para instituições públicas ou sem fins lucrativos. As pessoas físicas que quiserem adquirir nossos materiais, precisam ser assinantes das nossas revistas em Braille – Pontinhos, Revista Brasileira para Cegos ou Superbraille”, explica Hylea Vale, Supervisora de Produção DIB/DTE/IBC.
Como centro de referência no Sistema Braille, a instituição também atua na formação especializada para a educação de pessoas com deficiência visual e assessora instituições públicas e sem fins lucrativos no atendimento às necessidades desse público. “No processo de aprendizagem do Sistema Braille, é preciso que a pessoa passe pela fase pré-Braille, em que desenvolvemos habilidades motoras finas e distinção tátil, para só depois seguirmos para o processo de leitura e escrita, o que torna complexo o aprendizado por envolver várias especificidades táteis. Além disso, com o avanço tecnológico, muitas vezes, entre aprender Braille e ter acesso a um texto por meio de recursos tecnológicos, a pessoa cega opta pelos meios eletrônicos: smartphones, leitores de tela, audiolivros entre muitos outros.
Porém, todos esses equipamentos não irão funcionar se faltar energia. Então, como o cego terá acesso às informações ali contidas em situações como essa ou se o equipamento quebrar? Outra situação é que apenas por meio da leitura Braille o cego pode conhecer, por exemplo, ortografia, sinais de pontuação, simbologia matemática e simbologia química. Enfim, a tecnologia é bem-vinda, faz parte do nosso cotidiano, mas só o Sistema Braille dá, de fato, autonomia para a pessoa cega”, destaca a Supervisora.
Segundo Hylea, no Instituto Benjamin Constant, o ensino do Braille é realizado com a reglete tradicional (ou negativa). “Os pontos braille da reglete positiva, segundo alguns usuários do Sistema Braille, não ficam muito perceptíveis, e isso pode confundir a leitura, principalmente daqueles que ainda não têm muita fluência na leitura Braille”, esclarece.
Atualmente, o IBC oferece cursos para quem quiser aprender Braille apenas na modalidade presencial, mas, de acordo com a Supervisora, a instituição está estruturando um curso no formato MOOC (Massive Open On-line Course – Curso On-line Aberto e Massivo) previsto para ser lançado ainda este ano.
Ao longo dos anos, o IBC tornou-se também um centro de pesquisas médicas no campo da oftalmologia, possuindo um dos programas de residência médica mais respeitados do país, por meio do qual presta serviços de atendimento médico à população, realizando consultas, exames e cirurgias oftalmológicas.
Para mais informações: https://www.gov.br/ibc/pt-br/acesso-a-informacao/institucional/institucional-1