INT – ÔNIBUS – DIA CHUVOSO
João está olhando pensativamente para a paisagem da janela do ônibus. Seu olhar distante tem um quê de curiosidade.
O passageiro ao lado interrompe os ruídos de sua mente:
JOSÉ
Você é daqui?
JOÃO
Não. Tô chegando hoje.
JOSÉ
Férias?
JOÃO
Vim pra morar, trabalho novo.
João olha para a tela do celular e de lá para o vizinho de fileira:
JOÃO
Conhece esse endereço?
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Em 19 de junho comemora-se o Dia do Cinema Brasileiro, em referência ao primeiro dia de filmagens – em 1898 – de ‘Vista da Baía de Guanabara’, um possível registro brasileiro inaugural desta arte. Foi captado pelo italiano Affonso Segretto de dentro do ‘Brèsil’, o navio que o levava de volta ao Rio de Janeiro. Por falta de fontes mais específicas, já que este próprio filme e outros materiais da época foram perdidos com o tempo, há divergências quanto ao exato marco do cinema feito no Brasil, mas Segretto (Affonso) e seu irmão Paschoal merecem de qualquer maneira ser lembrados como parte de seu alicerce.
Antes de Affonso, Paschoal já era proprietário do Salão de Novidades de Paris, a primeira sala fixa de cinema, também no Rio, que pioneiramente tinha um Cinematógrafo, este próprio um marco inicial na estrada do cinema mundial.
Quilômetros depois da fronteira de um século e dos primeiros recursos de produção, aos seus 120 anos o cinema feito aqui no Brasil é de altíssima qualidade, é diverso (além do que está em cartaz nos grandes circuitos), e tem profissionais muito talentosos envolvidos em todas as etapas e funções. É composto por um acervo longo e importante e está adquirindo, merecidamente, cada vez mais espaço no cenário mundial.
Neste link, você pode ter acesso a informações sobre boa parte da produção audiovisual daqui desde 1897. Trabalho intenso de pesquisa da Cinemateca Brasileira, que resulta hoje em mais de 42 mil títulos desde o início da história do cinema no Brasil – e está aberto a colaborações.
‘Querido Ricardo’
Este texto é dedicado a Ricardo Della Rosa (1968-2015), diretor de fotografia brasileiro que, em unanimidade, é considerado um dos melhores de sua arte. O excelente trabalho de Ricardo em longas-metragens, publicidade, documentários, videoclipes, etc, obteve reconhecimento internacional e, merecidamente, deixou seu nome escrito na história do cinema.

Na data de seu falecimento, o jornalista Luiz Carlos Merten escreveu: “…Ricardo Della Rosa, o jovem – apenas 46 anos – fotógrafo de Casa de Areia, À Deriva, O Passado, Os Penetras, O Homem do Futuro… Há dois anos ele lutava contra o câncer. A doença não o impediu de ainda fotografar Rio Eu Te Amo. Faço questão de acrescentar esse post porque Ricardo foi um grande e eclético fotógrafo, tão bom nos interiores sombrios como a alma dos personagens de alguns de seus filmes, como nas explosões de luz de outros. A praia de Heitor Dhalia, os Lençóis Maranhenses de Andrucha Waddington. O cara que captou aquelas imagens não era só bom. Acho injusto que, morrendo no mesmo dia de Oliveira, Ricardo Della Rosa se arrisque a ser ignorado ou subestimado, na comparação com o mestre português. No Twitter, Fernando Meirelles escreveu uma coisa linda – ‘Perdemos Ricardo e com ele o cinema brasileiro perde sua luz’. Para não perder a ocasião, ‘Querido Ricardo…’”
Leia o texto completo em: https://cultura.estadao.com.br/blogs/luiz-carlos-merten/querido-manoel-3/
Até a próxima!