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Mito: Algumas crianças são muito jovens para a obtenção de habilidades de alfabetização

A alfabetização começa no nascimento e existem até algumas evidências informais que indicam que ela começa antes mesmo do nascimento. Esta afirmação parece inacreditável para você? Mas não é. A verdade é que o desenvolvimento das habilidades de alfabetização começa ao se adquirir habilidades como:

  • Prestar atenção em si mesmo, quando está falando
  • Manter a atenção em uma imagem
  • Comunicar que está ou não gostando de uma história ou música por meio de expressões faciais, vocalizações, ou linguagem corporal/movimentos (por exemplo: costas arqueadas, pegar um objeto ou empurrá-lo)…
  • Alcançar e eventualmente apontar para objeto no local e, em algum momento, apontar para palavras e imagens em livros.
  • Adquirir habilidades físicas que permitam segurar um livro, virar uma página, digitar ou segurar uma caneta.

Estas habilidades básicas que são aprendidas nos primeiros meses e anos de vida estão construindo a aprendizagem da leitura e da escrita (Sturm & Clendon, 2003).

Você pode estar se perguntando como as crianças aprendem tais habilidades. Elas fazem isso por meio de brincadeiras e conversas, incluindo exposição a atividades de alfabetização – muito antes de estarem aptas a participar de instruções sistemáticas de alfabetização (van Kleek & Schuele, 2010).

Por exemplo: Oliver está prestando atenção à imagem no livro. Ele está aprendendo o que fazer com um livro ao observar a mãe dele. Ele a vê virar as páginas, segurar o livro do lado certo, parar em cada página para ver as imagens e falar. Oliver está adquirindo as bases da alfabetização.

Angela e sua irmã mais velha, Susan, estão lendo juntas. Angela já aprendeu a usar um livro. Ela usa comportamentos de leitura de histórias que já aprendeu, como balbuciar enquanto olha as imagens e apontar para elas. Agora, ela está aprendendo que livros podem ser divertidos e interessantes mesmo sem a ajuda de outra pessoa.

Gina reconhece imagens em livros. Ela está prestando atenção ao que acontece na história, e ela reage a isso. Às vezes, quando vê uma imagem de um brinquedo igual a algum que ela tenha, ela pega este brinquedo. Ela está fazendo conexões com a história.

Atividades de alfabetização, brincadeiras e conversação proporcionam às crianças uma base para o aprendizado da leitura e da escrita. Mesmo conforme as habilidades vão crescendo, tais atividades oferecem uma oportunidade para as crianças usarem, em situações da vida real, as habilidades de alfabetização que estão aprendendo. 

Mais experiências acadêmicas de aprendizagem podem ser incluídas conforme as crianças começarem a desenvolver habilidades simples, interesses e talentos (Light & McNaughton, 2011)

  • Entender perguntas e instruções básicas.
  • Entender conversas simples sobre eventos fora de seu ambiente imediato.
  • Reconhecer imagens e/ou desenhos.
  • Comunicar por meio de fala, sinais, fotos, rabiscos, desenhos e/ou outros símbolos.
  • Demonstrar interesse em livros, letras e/ou no teclado.
  • Ter bons meios físicos para indicar uma reação.
  • Participar de uma atividade organizada e supervisionada por um adulto que dure de 5 a 10 minutos.

Demonstrar estes comportamentos pode ser sinal de que uma pessoa tem ou está desenvolvendo a habilidade de participar e se beneficiar de programas de aprendizagem sistemática de alfabetização… Mas lembre-se de que a alfabetização não começa com experiências acadêmicas de aprendizagem ou com instruções sistemáticas. Ela começa, na verdade, no nascimento – e continua com exposição a atividades de alfabetização por meio de brincadeiras e do cotidiano. Nenhuma criança é muito jovem para isso!

Referências

Light, J. & McNaughton, D. (2011). Accessible Literacy Learning (ALL) Instructional Guide. Pittsburgh, PA: DynaVox Systems LLC.

Sturm, J.M., & Clendon, S.A., (2003).  Augmentative and alternative communication, language and literacy. Topics in Language Disorders, 24 (1), 76-91.

van Kleek, A., & Schuele, C.M. (2010). Historical perspectives on literacy in early childhood.  American Journal of Speech-Language Pathology, 19, 341-365.

Redação Civiam

Entrevistas, histórias reais e conteúdo sobre diversos aspectos ligados às Tecnologias Assistivas e à educação na saúde.

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