O gerenciamento de vias aéreas é uma habilidade essencial para anestesiologistas e outros profissionais de saúde envolvidos no atendimento ao paciente crítico.
No entanto, há uma série de complicações fisiológicas e situações imprevistas (um paciente que não responde; um paciente com obesidade mórbida; uma via aérea difícil ou obstruída; riscos de vômito; anatomia distorcida ou anormal, entre outros fatores) que podem tornar a execução deste procedimento um grande risco ao paciente.
Embora possa ser extremamente desafiador realizar corretamente a cirurgia das vias aéreas (também conhecida como cricotireotomia), o procedimento é, no entanto, reconhecido pela comunidade médica como um procedimento confiável e, muitas vezes, necessário para salvar vidas.
O treinamento adequado, entretanto, é essencial. Qualquer erro de cálculo ou erro na técnica por parte do profissional de saúde pode resultar em danos ou até na morte do paciente.
Uma ação imediata e decisiva para salvar vidas deve ser tomada aos primeiros sinais de comprometimento da função das vias aéreas. Por isso, o treinamento intenso para a proficiência no manejo das vias aéreas é crucial.
No momento atual, no qual a demanda por gerenciamento de vias aéreas cresceu por conta do Covid-19 e os profissionais da saúde estão sobrecarregados, o treinamento se faz ainda mais necessário, ajudando a preparar profissionais para a linha de frente no atendimento aos pacientes, sem colocá-los em risco.
A simulação médica pode ser uma ferramenta educacional eficaz para adquirir habilidades de gerenciamento de vias aéreas difíceis. Tem se mostrado também muito eficaz como um complemento ao treinamento tradicional em cirurgias de emergência das vias aéreas, que envolvem o corte do pescoço para penetrar na membrana cricotireoidiana do paciente, cuja respiração normal foi dificultada por um trauma, uma obstrução ou foi comprometida de alguma outra forma.
O cirurgião fará incisões precisas para facilitar a oxigenação, prevenir a aspiração e permitir a ventilação com pressão positiva.
Podem ocorrer problemas se a localização da cartilagem cricóide for mal avaliada ou se uma incisão não for grande o suficiente para permitir que um Bougie passe através e além da fúrcula esternal para atuar como um guia para a intubação.
Normalmente, os médicos obtêm habilidade em casos de via aérea difícil usando o “modelo de treinamento de aprendiz” (a competência é desenvolvida ao longo do tempo por meio de mentoria e treinamento prático com casos reais de pacientes). Mas e quanto ao número de médicos que não se deparam com muitas emergências de vias aéreas na vida real? O que acontece com o paciente que é repentinamente colocado sob os cuidados de um cirurgião que não recebeu treinamento suficiente em procedimentos cirúrgicos reais das vias aéreas?
Melhore os resultados do gerenciamento de vias aéreas
O manejo difícil das vias aéreas continua sendo uma das tarefas mais desafiadoras para cirurgiões e anestesiologistas. Na verdade, as complicações das vias aéreas são a principal causa de morte e de lesão neurológica permanente relacionada a procedimentos anestesiológicos.
Diretrizes padronizadas, métodos livres de risco para a prática e protocolos de treinamento imersivo podem ser as melhores opções para que os resultados sejam satisfatórios.
Simuladores de paciente e manequins de habilidades são alternativas viáveis para a prática de treinamento. A simulação pode fornecer aos alunos de anestesia e de cirurgia uma experiência real em eventos de gerenciamento de vias aéreas de alto risco, sem colocar em risco a saúde de um paciente de verdade.
Como o treinamento baseado em simulação melhora as habilidades de gerenciamento das vias aéreas
Vários estudos evidenciam o benefício considerável do uso de simuladores de paciente de alta fidelidade para treinamento de gerenciamento de vias aéreas.
Em um caso particular, alunos que treinaram em simuladores de gerenciamento de vias aéreas relataram melhora em três áreas essenciais:
- Competência de habilidades
- Conhecimento técnico
- Níveis de confiança, especialmente ao realizar procedimentos delicados que salvam vidas, como intubação e inserção de dreno torácico
As descobertas subsequentes sugerem que quando a simulação é adicionada à instrução tradicional de gerenciamento das vias aéreas, os alunos se beneficiam ao receber um treinamento intensivo de baixo risco em protocolos de cuidados intensivos, incluindo:
- manejo difícil e avançado das vias aéreas
- gestão pré-hospitalar das vias aéreas
- trauma das vias aéreas e manejo cirúrgico das vias aéreas (cricotireotomia, laringoscopia, etc.)
- ventilação adequada com bolsa-válvula e máscara
- intubação (do básico até cirurgia das vias aéreas)
- avaliação da dificuldade das vias aéreas para determinar a abordagem mais adequada
Oportunidades para treinamento de simulação em gerenciamento de vias aéreas
Os manequins de habilidades específicas e simuladores disponíveis oferecem muitas oportunidades para o treinamento de gerenciamento de vias aéreas em situações de alto risco – sem perigo para os pacientes. Ao contrário de pacientes reais, um simulador de alta fidelidade pode ser programado para reproduzir diferentes complicações das vias aéreas, perfis de pacientes e patologias multifacetadas.
Os alunos também se beneficiam do treinamento em tecnologia de ponta com simuladores que geram fluxos de dados para sistemas de monitoramento de pacientes, anestesia, terapia intensiva e medicina de emergência. Da intubação de rotina ao manejo das vias aéreas difíceis, a instrução baseada em simulação ajuda os alunos a dominar o procedimento clínico, tomar decisões rápidas e trabalhar em equipe de forma eficaz.